‘Usem essa frase, por favor: culpa do Lula’: bancada do PL trava guerra para retomar narrativa do tarifaço de Trump

Blog teve acesso a mensagens trocadas em grupos do partido de Bolsonaro; orientação é para denunciar postagens a favor da soberania e atacar o presidente e Moraes. Oposição chamou reunião de emergência após tarifa de Trump
A bancada do PL no Congresso tenta organizar uma guerrilha para reagir nas redes sociais, com deputados disparando orientações entre si e para seus apoiadores para denunciarem ações pró-soberania do Brasil e atacar o presidente Lula (PT) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Leia também
Trump pela culatra: tarifaço dos EUA já ajudou a turbinar popularidade de líderes de países ‘rivais’; veja lista
China critica tarifaço de Trump ao Brasil e acusa EUA de coerção
A ação ganhou corpo depois do rechaço nas redes sociais à ameaça de Donald Trump de sobretaxar produtos brasileiros em 50% se o país não encerrar o processo de Jair Bolsonaro (PL), que responde no Supremo pela articulação da tentativa de um golpe de estado em 8 de janeiro de 2023.
Pesquisas, como a da Nexus, feitas já no dia seguinte à agressão diplomática ao Brasil, atestaram que a defesa da soberania nacional soterrou a pregação por um ataque à Justiça do Brasil justificado pela eventual condenação de Bolsonaro.
A perda de terreno nas redes sociais levou a bancada do PL na Câmara a montar diversos estratagemas para tentar retomar o controle da narrativa.
O blog teve acesso a uma série de postagens feitas em grupos do PL. Elas contêm determinações para uso de palavras-chave, por exemplo.
“Pessoal, usem quatro frases, por favor: CULPA DO LULA, CHEGA DE DITADURA, TARIFA DO LULA, TAXA DO LULA”, pede um deputado, em caixa alta, como registrado neste texto.
Cada uma das frases indicadas é acompanhada, na sequência de uma série de mensagens curtas, que dariam lastro à alegação. Por exemplo, a hashtag “Culpa do Lula” mira uma eventual deterioração da economia com o tarifaço de Donald Trump.
O ministro Alexandre de Moraes, pela pregação dos deputados do PL, precisa ser associado à figura de um autoritário. Há ainda a orientação para repisar o apelido dado por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) à taxação americana: “Tarifa Moraes”.
A mobilização mostra como o partido de Bolsonaro percebeu o revés imposto pela ameaça de Trump. O presidente dos Estados Unidos, em ação inédita, decidiu chantagear o Brasil, dando até o dia 1º de agosto para o país travar a ação contra Jair Bolsonaro.
Porém, a reação majoritária é, até aqui, de defesa da soberania nacional, do livre exercício do Poder Judiciário e do respeito às regras do comércio internacional.