Tebet avalia que café e carne devem ficar de fora do tarifaço dos EUA

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou nesta terça-feira (5) que acredita na exclusão de itens como carne e café do aumento de tarifas anunciado pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros.
“Eu tenho conversado com alguns empresários e, por uma questão lógica da lei da oferta e da procura, uma coisa que é cara para o paladar deles é carne e café. O resto eles se reposicionam”, afirmou Tebet.
Segundo a ministra, a expectativa do governo é que, diante de pesquisas de opinião e do impacto inflacionário sobre esses produtos, o governo norte-americano recue.
“Acreditamos que, na hora em que olharem os números inflacionados desses produtos, pesquisa de opinião pública, eles vão reposicionar esses produtos de novo. Pode não acontecer dia 6, mas vai acontecer. Não tem lógica nenhuma. Até eleitoral”, avaliou.
O tarifaço anunciado pelo governo Donald Trump atinge uma série de produtos brasileiros e gerou forte reação do Palácio do Planalto e de parlamentares da base aliada.
Na véspera do tarifaço, setores pensam em alternativas
Plano de contingência
Tebet ainda comentou o plano de contingência para mitigar os efeitos do aumento de tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, embora ainda aguarde sinais de possível revisão da medida.
“O plano de contingência está acontecendo. As equipes estão trabalhando. Uma série de medidas estão nesse cardápio. É uma questão de tirar ou não tirar, a depender das exceções serem estendidas ou não”, disse Tebet.
Segundo ela, cada setor poderá ser contemplado de forma distinta, com benefícios específicos, e o governo buscará aproveitar medidas já testadas durante a pandemia, evitando soluções improvisadas.
“Não vamos inventar nada, não vamos tirar coelho da cartola. A pandemia nos permitiu testar medidas que se mostraram, muitas delas, bem-sucedidas, com apoio do Congresso”, completou.
Sem impacto fiscal imediato
Tebet afirmou que a maior parte das ações previstas não exigem espaço orçamentário, e por isso não têm impacto direto no teto de gastos.
“A maioria não passa pelo espaço fiscal. Quando você fala de alongamento de prazo, carência, juros diferenciados, subsídios, isso não necessariamente passa pelo orçamento”, explicou.
Ela citou que algumas decisões dependem apenas de autonomia de bancos públicos, como o BNDES e o Banco do Brasil, e que, em casos pontuais, valores poderão ser enviados ao Congresso.
“Pode até ter algum impacto fiscal, mas o que é prioritário e emergencial agora não exige isso. Se houver algo que demande recursos, vai ser tratado com razoabilidade. Já tivemos essa experiência na pandemia.”