Tarifaço e sanção a Moraes: senadores dizem que Brasil não será ‘subserviente’ nem pagará por erros de Bolsonaro
Senadores reagiram nesta quarta-feira (30) à sanção imposta pelo governo dos Estados Unidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e ao aumento de tarifas sobre produtos brasileiros.
As duas ações, tomadas pelo governo de Donald Trump, geraram críticas no Congresso brasileiro, com parlamentares acusando Washington de retaliação política e defendendo a soberania nacional.
O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (PT-SE), afirmou que o Brasil não deve pagar pelos erros do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados:
“O Brasil não vai pagar pelos erros da família Bolsonaro. Eles traíram o país e, agora, querem que o povo sofra as consequências? Não é tarifa, é retaliação política! E nós não vamos aceitar calados.”
O senador também destacou que a medida afeta diretamente produtores e trabalhadores brasileiros:
“Fui defender nossa economia, lutar por quem trabalha com a laranja, por quem vive do suor e do esforço. Agora, vamos à luta pra reverter esse prejuízo e proteger o que é nosso!”
E concluiu:
“Não é só sobre comércio. É sobre soberania. É sobre dignidade.”
Pacheco presta solidariedade a Moraes
O ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), divulgou uma nota oficial prestando solidariedade ao ministro Moraes, alvo da sanção dos EUA com base na Lei Magnitsky.
“Presto minha solidariedade ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, alvo de sanção imposta pelo governo dos EUA, nesta quarta-feira. E estendo meu apoio ao Judiciário do nosso país, um Poder que resguarda e se mantém fiel à nossa Constituição Federal.”
Pacheco criticou a interferência estrangeira e ressaltou a importância de defender as instituições brasileiras:
“A soberania das instituições do Brasil e as decisões referendadas por elas não podem ser atacadas sem uma célere indignação dos homens públicos do nosso país, ainda mais diante de flagrante casuísmo.”
“Que tenhamos a capacidade de resguardar a nossa grandeza, a nossa capacidade de diálogo, transparência e respeito às leis, sem subserviência a quem quer que seja.”
O que motivou a crise
Mais cedo, o governo Trump anunciou sanções contra Moraes por supostas violações de direitos humanos e perseguição a adversários políticos. No mesmo dia, impôs um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros como retaliação a decisões comerciais do governo Lula.
O ministro Alexandre de Moraes também teve o visto americano vencido há dois anos, segundo interlocutores, e já estava impossibilitado de entrar nos EUA.
A escalada de tensão entre os países já vinha se desenhando desde que congressistas republicanos passaram a pressionar o governo Trump a tomar medidas contra autoridades brasileiras, especialmente após o avanço das investigações contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.