Tarifaço dos EUA: Haddad diz que acordo depende de ‘vontade’ das duas partes

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira ainda ter esperança de que haja negociação com os Estados Unidos sobre as tarifas anunciadas por Donald Trump de 50% para produtos brasileiros.
Haddad, no entanto, reforçou que, para haver negociação, é preciso que o governo norte americano também esteja aberto ao diálogo. Segundo ele, apesar das conversas técnicas, o tema tem sido concentrado na Casa Branca.
“Para ter um acordo, precisa ter vontade recíproca. Espero que isso vá acontecer.”, afirmou o ministro.
“Olha, nós tivemos boas surpresas em relação a outros países nos últimos dias. Então, nós podemos chegar à data do dia 1º [de agosto, dia em que tarifas entram em vigor] com algum aceno e alguma possibilidade de acordo. Para haver acordo, precisa haver duas partes sentadas à mesa para chegar a uma conclusão”, declarou Haddad.
Haddad disse que a equipe da Fazenda tem conversado com técnicos do Tesouro norte americano, mas sem grandes avanços até o momento.
“A informação que chega [do Tesouro dos Estados Unidos] é que o Brasil tem um ponto, o Brasil tem razão em querer sentar à mesa, mas que o tema está muito concentrado na assessoria da Casa Branca. Daí a dificuldade de entender melhor como vai ser o movimento de lá”, contou o ministro.
Os ministérios da Fazenda, Desenvolvimento e Comércio Exterior e o Itamaraty têm costurado um plano para socorrer empresas exportadoras e que devem ser atingidas pelo tarifaço de Trump.
Haddad declarou que o plano ainda está em discussão e que deve ser apresentado para o presidente Lula na próxima semana.
Apesar das dificuldades, Haddad, em conversa com jornalistas em Brasília, viu espaço para negociação com os Estados Unidos, já que outros países conseguiram acordos recentemente.
“Eu estou vendo que a Europa e o Japão se movimentaram, a Indonésia e a Filipinas se movimentaram, Vietnã se movimentou. Então está acontecendo rodadas de negociação. Vai chegar a vez do Brasil. E nós temos que estar preparados para quando sentarmos à mesa, nós temos que expor o nosso ponto de vista com base técnica. Nós queremos um debate técnico”, disse.