Tarifaço de Trump: exportadores de mel do PI propõem divisão de taxa com clientes dos EUA

Tarifaço de Trump: exportadores de mel do PI propõem divisão de taxa com clientes dos EUA


Como a tarifa de Trump impacta o mel brasileiro
Exportadores de mel buscam estratégias para arcar com a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. Segundo a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), entre as possibilidades analisadas, está a divisão da taxa com os importadores norte-americanos.
“As alternativas que nós temos é negociar e dividir ou, se somos nós que vamos pagar, vamos ter que aumentar o preço do mel, em dólar, para poder compensar essa despesa, porque não vamos poder pagar [a tarifa] e manter os negócios”, afirmou o presidente da Casa Apis, Sitônio Dantas.
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O setor teme uma queda nas exportações e aumento nos custos logísticos. Desde o anúncio da tarifa, duas grandes operações de exportação foram prejudicadas no Piauí. São elas:
585 toneladas de mel orgânico do Grupo Sama, um dos maiores exportadores do país, que tenta viabilizar o envio da mercadoria
95 toneladas de mel da Casa Apis, no Sul do Piauí, que conseguiu embarcar a carga no domingo (13) após negociação com os compradores
O presidente da Casa Apis explicou que a carga de 95 toneladas foi dividida entre diferentes navios, com rotas distintas, o que fará com que o mel chegue aos Estados Unidos em datas variadas — em alguns casos, possivelmente já sob a vigência da nova tarifa.
“A mercadoria que estava no porto até domingo, como eles autorizaram, foi embarcada. Eles, clientes antigos, com os quais a gente tem mais que uma parceria comercial, entenderam o problema, viram a nossa preocupação e abriram mão. Disseram ‘embarca, nós assumimos a responsabilidade’. Ou seja, se chegar fora do prazo [após 1º de agosto] e permanecer a tarifa de 50%, são eles quem vão arcar com a despesa”, explicou.
A expectativa é de que cerca de mil toneladas adicionais de mel sejam enviadas até o fim do ano, somando-se às mil toneladas já exportadas entre janeiro e junho.
“Agora, os próximos embarques vamos ver daqui pra frente. Estamos com quatro, que deveriam ser embarcados nesta semana. Dois na segunda [14] e provavelmente na quarta ou quinta, sairíam os outros dois. Mas enquanto ficar esse clima de incerteza, eu digo [aos clientes] ‘não estamos rompendo o contrato com vocês’. Porque se você disser que aceita, você tem que cumprir. Na hora da negociação, a gente tem que ser firme”, completou.
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Reprodução/TV Clube
A outra carga, com mais de 500 toneladas de mel, pertencente ao Grupo Sama, ainda enfrenta impasses e permanece sem envio. Negociações com os clientes continuam na tentativa de viabilizar o envio da mercadoria.
“Nenhum cliente quer que a carga chegue após o dia 1º. Eles estão exigindo que a entrega ocorra antes dessa data. Estamos fazendo tudo o que for possível para atender a essa demanda”, declarou o CEO do grupo, Samuel Araújo.
Fundado há 28 anos em Oeiras, a 282 km de Teresina, o Grupo Sama é responsável pela compra da produção de mais de 12 mil micro e pequenos produtores de mel do Nordeste, principalmente do Piauí, Ceará, Maranhão e Bahia.
Impacto econômico da tarifa para o setor
O tarifaço de Trump, anunciado na quarta-feira (9), causou o cancelamento imediato de grandes encomendas de mel orgânico brasileiro destinadas ao mercado norte-americano.
Os Estados Unidos consomem 80% do mel produzido no Brasil. Em 2024, o Piauí liderou o ranking brasileiro de exportação de mel para o país, embora não tenha sido o maior produtor.
“O Piauí é o 22º estado em exportações para os EUA. Mesmo assim, tem uma relação muito forte. Em torno de 85% da nossa exportação de mel vai para o mercado americano”, aponta o gestor corporativo da Área Internacional e Mercado da Federações das Indústrias do Piauí (Fiepi), Islano Marques.
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