Tarifaço de 50% eleva custos para famílias e afeta empresas norte-americanas, dizem Câmaras de Comércio dos EUA e do Brasil

Trump durante reunião com chefe da Otan na Casa Branca, em 14 de julho de 2025
ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
O tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com sobretaxa de 50% a produtos brasileiros eleva custos para famílias e afeta empresas norte-americanas.
A avaliação foi divulgada nesta terça-feira (15) pela U.S. Chamber of Commerce, a maior organização empresarial do mundo, representando empresas de todos os portes e setores da economia, e também pela Amcham Brasil — entidade multissetorial do Brasil e a maior Câmara Americana de Comércio entre as 117 existentes fora dos Estados Unidos.
“A tarifa proposta de 50% afetaria produtos essenciais às cadeias produtivas e aos consumidores norte-americanos, elevando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade de setores produtivos estratégicos dos Estados Unidos”, avaliaram as entidades, por meio de nota.
As Câmaras de Comércio solicitaram aos governos dos Estados Unidos e do Brasil que se engajem em “negociações de alto nível a fim de evitar a implementação da tarifa de 50%”.
“A imposição dessa medida como resposta a questões políticas mais amplas tem o potencial de causar danos graves a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos, além de estabelecer um precedente preocupante”, acrescentaram.
Para as entidades, uma relação comercial estável e produtiva entre as duas maiores economias das Américas beneficia consumidores, sustenta empregos e promove prosperidade em ambos os países.
“Mais de 6.500 pequenas empresas nos Estados Unidos dependem de produtos importados do Brasil, enquanto 3.900 empresas norte-americanas têm investimentos naquele país. O Brasil está entre os dez principais mercados para exportações dos Estados Unidos e é destino, a cada ano, de cerca de US$ 60 bilhões em bens e serviços norte-americanos”, informaram a U.S. Chamber of Commerce e a Amcham Brasil.
Por fim, as entidades disseram que seguem à disposição para “apoiar iniciativas que favoreçam uma solução negociada, pragmática e construtiva — que evite a escalada da atual situação e garanta a continuidade de um comércio bilateral mutuamente vantajoso”.
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Segundo números da série histórica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o relacionamento comercial do Brasil com os Estados Unidos é marcado por predominância da economia norte-americana.
A compilação de dados, que tem início em 1997, mostra um saldo superavitário (mais exportações do que importações) de US$ 48,21 bilhões em favor dos EUA. Foram considerados 28 anos de comércio exterior.
Os números oficiais revelam, também, que o Brasil tem registrado déficits comerciais seguidos com os Estados Unidos desde 2009, ou seja, nos últimos 16 anos. Nesse período, as vendas americanas ao Brasil superaram suas importações em US$ 88,61 bilhões.
Quando se considera o investimento realizado no Brasil por outros países, os Estados Unidos lideram, de acordo com relatório divulgado pelo Banco Central no final do ano passado com dados relativos ao ano de 2023.
A liderança dos EUA ocorre tanto no conceito de “investidor imediato” (domicílio da empresa não residente que investiu diretamente na subsidiária ou filial) quanto no de “controlador final” (residência do investidor que detém o efetivo controle e interesse econômico na empresa investida no Brasil).
Os dados referem-se à participação no capital, que considera as entradas de recursos em moeda ou bens relativos à aquisição, subscrição ou aumento total ou parcial do capital social de empresas residentes.
Investimentos diretos de empresas estrangeiras no Brasil em 2023
Reprodução de estudo do Banco Central
Dados do Banco Central citados pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) mostram o crescimento do número de empresas norte-americanas no Brasil, e também da participação dessas empresas no país.
Crescimento do número de empresas dos EUA e investimentos no país
Reprodução de estudo da Amcham (com base em dados do BC)
A Amcham também detalhou setores ligados a investimentos recentes no país, assim como informações sobre marcas norte-americanas e patentes no país. Os dados são do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Investimentos, patentes e marcas dos EUA no Brasil
Amcham e INPI