Senado dos EUA aprova projeto de lei para encerrar tarifas de Trump contra o Brasil

Senado dos EUA aprova projeto de lei para encerrar tarifas de Trump contra o Brasil


Veja os vídeos que estão em alta no g1
O Senado dos Estados Unidos, liderado pelos republicanos, aprovou na noite de terça-feira (28) um projeto de lei que anula as tarifas impostas ao Brasil por Donald Trump, incluindo produtos como petróleo, café e suco de laranja.
A decisão revoga o estado de emergência nacional declarado por Trump em julho, em resposta à investigação e ao processo movido pelo Brasil contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por uma suposta tentativa de golpe.
A proposta, apresentada pelo senador democrata Tim Kaine, da Virgínia, busca revogar os estados de emergência nacional que Trump declarou para justificar as tarifas.
Kaine pretende apresentar resoluções semelhantes para encerrar tarifas aplicadas a outros países, como o Canadá, ainda nesta semana, conforme divulgado pela agência de notícias Associated Press.
Apesar da aprovação no Senado, o projeto tem poucas chances de avançar. A legislação agora segue para a Câmara dos Representantes, de maioria republicana, que adotou novas regras que permitem à liderança barrar sua tramitação.
Segundo o senador Kaine, as votações têm caráter simbólico e buscam demonstrar insatisfação com a política tarifária do governo federal, além de estimular um debate sobre “a destruição econômica causada por elas”.
Negociações: quais são os próximos passos?
A aprovação do projeto ocorre em meio a uma retomada do diálogo entre o governo brasileiro e os Estados Unidos.
A reunião entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizada no último domingo (26), marcou um novo capítulo nas negociações entre os dois países e aumentou a expectativa da indústria sobre uma possível redução das tarifas impostas às exportações brasileiras.
No encontro, que durou cerca de 45 minutos, os líderes se comprometeram a iniciar um processo de negociação bilateral. A primeira reunião entre os representantes comerciais dos dois países aconteceu já na segunda-feira (27).
“O que interessa em uma mesa de negociação é o futuro, é o que você vai negociar para frente. A gente não quer confusão, quer negociação. A gente não quer demora, quer resultado”, afirmou Lula na véspera.
Trump, por sua vez, disse a jornalistas que, apesar de o encontro ter sido “muito bom”, isso não garantiria um acordo imediato. “Eles gostariam de fazer um acordo. Vamos ver, agora mesmo eles estão pagando, acho que 50% de tarifa”, declarou o republicano.
A rodada de conversas contou com o chanceler Mauro Vieira, o secretário-executivo do MDIC, Márcio Rosa, e o embaixador Audo Faleiro. Eles definiram um cronograma de reuniões focado nos setores mais afetados pelas tarifas.
Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, ainda não há data para uma nova reunião. Lula afirmou que “não existem temas proibidos”, indicando disposição para discutir desde minerais críticos até açúcar e etanol.
Lula também propôs suspender as tarifas enquanto durarem as negociações — medida semelhante à adotada com México e Canadá. Segundo o Itamaraty, o tema será retomado nas próximas rodadas, mas ainda sem prazos definidos.
O governo brasileiro contesta a justificativa americana para as tarifas. Lula entregou a Trump um documento mostrando que, nos últimos 15 anos, os EUA tiveram superávit de US$ 410 bilhões na balança comercial com o Brasil.
“Em todo o G20, só há três países em que os Estados Unidos são superavitários: Brasil, Reino Unido e Austrália”, disse o presidente.
O encontro foi descrito como cordial. Trump disse ter sido “uma grande honra” conversar com Lula, e os dois chegaram a cogitar visitas recíprocas, ainda sem data.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Amcham e outros setores empresariais consideraram o diálogo “um avanço concreto” e esperam que um acordo seja fechado nas próximas semanas.
“Esperamos concluir em pouco tempo uma negociação bilateral que trate dos setores afetados”, afirmou Vieira.
Matéria em atualização.
Lula e Trump se encontram na Malásia.
Ricardo Stuckert/PR