Renault Boreal: conheça o novo SUV que promete rivalizar com Compass e Corolla Cross

Renault Boreal: conheça o novo SUV que promete rivalizar com Compass e Corolla Cross


Com motor turbo, porta-malas de 522 litros e central multimídia com Google nativo, o Renault Boreal estreia no Brasil em 2025 para disputar espaço entre os SUVs médios mais vendidos. Renault Boreal: o novo concorrente de Compass e Corolla Cross
A Renault apresentou, nesta quinta-feira (10), seu primeiro SUV de porte médio para o mercado brasileiro: o Boreal. O modelo chega para competir com Jeep Compass, Ford Territory e Toyota Corolla Cross. O preço ainda não foi divulgado, já que o lançamento oficial no Brasil está previsto apenas para o fim do ano.
Apresentado globalmente a partir do Brasil, o lançamento reforça a importância do país na estratégia internacional da Renault e adiciona mais um concorrente ao segmento que mais cresce no mercado nacional: o de utilitários esportivos.
De acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), os SUVs já representam 53% das vendas, superando com folga qualquer outro tipo de veículo.
Com isso, a marca francesa completa sua linha de SUVs. Atualmente, o Renault Kardian disputa o segmento de entrada (categoria A), onde também estão o Fiat Pulse e o Volkswagen T-Cross.
O Duster representa a Renault no segmento B, competindo com modelos como Jeep Renegade, Hyundai Creta, Novo Chevrolet Tracker e os Volkswagen Nivus e T-Cross.
Renault Boreal: SUV rival de Compass e Corolla Cross no Brasil
Agora, o Boreal chega para atender o consumidor que busca um veículo espaçoso, com bom porta-malas, dentro do chamado segmento C dos utilitários esportivos. Embora seja um modelo global, o Boreal será voltado para mercados fora da Europa.
No continente europeu, a Renault já oferece o Bigster, da Dacia (sua subsidiária no Leste Europeu), e o Koleos, voltado para a Europa Ocidental e com proposta mais sofisticada.
Produzido na fábrica de São José dos Pinhais no Paraná, o Boreal será exportado para 17 países da América Latina.
Motorização
A novidade da Renault vem equipada com o já conhecido motor 1.3 turbo de quatro cilindros, presente também no Duster e na picape Oroch. Esse propulsor entrega 163 cv de potência e 27,5 kgfm de torque.
Em termos de torque, o desempenho é semelhante ao do Jeep Compass com motor 1.3 turbo da Stellantis. No entanto, o Compass oferece mais potência, com 176 cv. Já o Corolla Cross, com motor 2.0 aspirado, lidera em potência no segmento, com 177 cv.
Vale destacar que o SUV da Toyota, o mais vendido da categoria no acumulado do ano, é o único que ainda não adotou o downsizing — tendência que reduz o tamanho do motor e adiciona turbocompressor para melhorar a eficiência no consumo de combustível.
O Renault Boreal é equipado com transmissão automatizada de dupla embreagem com seis marchas
Divulgação | Renault
Embora o motor 1.3 turbo tenha bom desempenho no Duster e na Oroch, ainda não se sabe como ele se comportará no Boreal. Situação semelhante ocorre com o Compass, que utiliza o mesmo motor do Renegade: enquanto entrega desempenho empolgante no modelo menor, não impressiona tanto no SUV médio.
O g1 ainda não testou o Boreal, mas é possível ter uma noção de seu desempenho com base nos concorrentes. O portal avaliou o Ford Territory, modelo de porte semelhante ao do Boreal e com potência e torque próximos.
O Territory entrega 169 cv e 25,5 kgfm de torque. Com esses números e mais de 1.600 kg, o desempenho não empolga. É suficiente para viagens em família sem grandes dificuldades, mas as ultrapassagens exigem atenção, especialmente com o carro carregado.
Confira a ficha técnica do Boreal e de seus principais rivais:

Como se observa acima, o Boreal utiliza um câmbio automatizado de dupla embreagem com seis marchas. Nesse aspecto — apesar das semelhanças entre os motores turbinados —, as montadoras adotam soluções bastante variadas.
A Toyota, por exemplo, utiliza transmissão CVT; Ford e Renault optam pelo automatizado; enquanto a Jeep aposta no câmbio automático tradicional com conversor de torque.
Cada sistema tem seus prós e contras. A transmissão automatizada de dupla embreagem — no caso da Renault, com embreagem banhada em óleo — é a mais eficiente e oferece trocas de marcha mais rápidas. Isso permite equilibrar esportividade e economia de combustível.
Por outro lado, quando surgem problemas nesse tipo de câmbio, o reparo costuma ser mais caro e complexo.
A transmissão CVT (sigla para “transmissão continuamente variável”) funciona com duas polias cônicas e uma correia metálica, ajustando continuamente a relação de marchas. É semelhante ao sistema de marchas de uma bicicleta, mas com cones no lugar das catracas.
O Renault Boreal tem 4,56 m de comprimento
Divulgação | Renault
O CVT prioriza a eficiência no consumo, mantendo o motor sempre na faixa ideal de rotação. No entanto, não é a melhor escolha para quem busca uma condução mais esportiva.
Já o câmbio automático convencional é o mais simples de manter, mas não alcança a mesma eficiência do CVT nem a agilidade nas trocas da transmissão de dupla embreagem.
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Dimensões
O Boreal é maior que o Corolla Cross e o Compass, mas perde em comprimento para o Territory. Para garantir bom espaço interno, o entre-eixos do Renault é de 2,70 m — uma medida competitiva em relação aos modelos da Jeep e da Toyota, embora ainda fique 2 cm abaixo do oferecido pelo rival da Ford.
O espaço interno do Boreal é digno de elogios, como mostrado no vídeo acima. No entanto, ele não chega a ser tão generoso quanto o do Territory. Vale lembrar que o espaço interno de um carro é como um cobertor curto: ao cobrir um lado, acaba descobrindo outro.
O SUV tem porta-malas com 522 litros de capacidade
Divulgação | Renault
Enquanto o SUV médio da Ford oferece mais conforto para os ocupantes, o porta-malas do Boreal se destaca com impressionantes 522 litros. Isso representa 74 litros a mais que o do Territory, 82 litros a mais que o do Corolla Cross e 112 litros a mais que o do Compass.
O Boreal supera até mesmo o Fiat Fastback, um SUV cupê conhecido pelo amplo porta-malas de 516 litros, sendo referência em sua faixa de preço.
Esse bom aproveitamento de espaço é resultado da plataforma modular RGMP (Renault Group Modular Platform), que serve de base para diversos modelos da marca. Para se ter uma ideia, essa mesma estrutura é utilizada no Kardian, um SUV subcompacto.
O conceito Niagara, o próximo lançamento da Renault, é a picape do Boreal
Divulgação | Renault
A Renault também planeja lançar, sobre essa mesma base, o Niagara — um modelo ainda maior que o Boreal, embora sua chegada ao mercado brasileiro ainda não esteja confirmada.
Acabamento e equipamentos
Apesar do bom espaço interno, o acabamento das portas traseiras deixa a desejar. Elas são quase inteiramente revestidas em plástico, com exceção de uma pequena faixa de couro sintético na área do apoio de braço e do comando dos vidros elétricos.
O revestimento das portas traseiras deixou a desejar
Divulgação | Renault
Na parte traseira, há apoio de braço central com dois porta-copos, além de duas entradas USB-C para carregamento de dispositivos. E nesse quesito, o Boreal se destaca: há mais duas entradas USB-C na parte dianteira e um carregador por indução, permitindo que todos os cinco ocupantes carreguem seus celulares sem dificuldades.
Na frente, o acabamento é mais refinado. Há revestimentos em couro e materiais macios ao toque nas portas e no painel. É nesse conjunto que se destacam as luzes de ambientação, refletidas sobre uma superfície que imita aço escovado. O usuário pode escolher entre 48 opções de cores, de acordo com sua preferência.
O painel de instrumentos é composto por duas telas de 10,1 polegadas. A central multimídia é um dos grandes diferenciais do Boreal, pois já vem com o sistema Google Automotive nativo. Isso significa que o sistema possui conexão com a internet e permite a instalação de mais de cem aplicativos diretamente na central.
Com isso, o motorista não depende do celular nem de Android Auto ou Apple CarPlay. É possível instalar apps de navegação, música, streaming, academias e muito mais — como se fosse um smartphone integrado ao carro.
Os comandos de voz também são destaque: rápidos, precisos e capazes de controlar diversas funções do veículo, como o ar-condicionado, responder mensagens, consultar o status do carro, entre outros.
O painel de instrumentos de 10 polegadas também pode mostrar a navegação
Divulgação | Renault
O painel de instrumentos do Boreal funciona praticamente como uma extensão da central multimídia. Por ser totalmente configurável, permite exibir a navegação, além de informações essenciais como velocidade, conta-giros e nível de combustível.
Isso facilita a condução, já que o motorista pode manter o foco na estrada sem precisar alternar entre telas. É possível, por exemplo, deixar o trajeto no painel de instrumentos e, ao mesmo tempo, manter aplicativos de música e notícias — como o app do g1 — abertos na central multimídia.
Além disso, o Boreal conta com sistema de som Harman Kardon com dez alto-falantes e um pacote completo de assistências à condução (ADAS). Na versão avaliada pelo g1, os recursos incluem:
Piloto automático adaptativo;
Centralização e permanência em faixa;
Assistente de manutenção de faixa de emergência (detalhado abaixo);
Alerta de saída segura para os ocupantes;
Park Assist (recurso que o Ford Territory perdeu na linha 2025);
Câmera 360º;
Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros;
Cinco modos de condução: Eco, Smart, Confort, Sport e Personalizável;
Assistente de manutenção de faixa de emergência (e-LKA): atua em situações críticas, como risco de saída involuntária da faixa, presença de veículos em sentido contrário ou ultrapassagens perigosas. O sistema emite alertas e realiza correções na direção para manter o carro na trajetória, reduzindo o risco de colisões.
Vamos ver muitos Boreal nas ruas?
O lançamento nas concessionárias está previsto para o último trimestre de 2025. Como os preços ainda não foram divulgados, é difícil prever o desempenho comercial do modelo. No entanto, a tendência do mercado tem sido manter os valores mesmo após reestilizações ou novas gerações.
Foi o que ocorreu com a Ford, que renovou quase toda a sua linha sem grandes alterações de preço. O mesmo aconteceu com os novos Chevrolet Onix e Tracker.
Se a Renault posicionar o Boreal na mesma faixa de preço dos concorrentes — entre R$ 180 mil e R$ 220 mil —, o modelo terá boas chances de conquistar espaço no segmento. Ainda não se sabe quantas versões serão oferecidas.
Por outro lado, é importante considerar o contexto atual da marca no Brasil. A Renault enfrenta um momento difícil no mercado nacional, com desempenho modesto em vendas. Segundo dados da Fenabrave, os SUVs da marca ocupam posições pouco expressivas no ranking.
Renault Boreal chega no último trimestre do ano
Divulgação | Renault
No acumulado dos primeiros seis meses de 2025, o Kardian aparece apenas na 15ª colocação, com 10.284 unidades vendidas — quase metade do volume do Fiat Pulse, que registrou 20.263 emplacamentos. Outro modelo que promete acirrar a disputa com o Kardian é o O Volkswagen Tera é outro concorrente de peso.
No primeiro mês completo de vendas, o SUV subcompacto da marca alemã vendeu mais que o dobro do Renault Kardian em junho: foram 2.555 unidades do Tera contra 1.240 do modelo da Renault.
Situação semelhante ocorre com o Renault Duster, que ocupa apenas a 17ª posição entre os SUVs mais vendidos do país, com 8.599 unidades comercializadas entre janeiro e junho. O Duster vende quase cinco vezes menos que o líder da categoria, o Volkswagen T-Cross.
Dessa forma, além de lançar um produto promissor como o Boreal, a Renault precisará definir uma estratégia de preços competitiva para realmente incomodar os rivais. O desafio será oferecer um SUV médio com bom custo-benefício, capaz de se posicionar abaixo de modelos como o Compass e o Corolla Cross — tanto em preço quanto em proposta —, mas sem abrir mão de conteúdo, espaço e tecnologia.