Quem são os concorrentes do café do Brasil e por que seria difícil substituir o país no fornecimento aos EUA

Quem são os concorrentes do café do Brasil e por que seria difícil substituir o país no fornecimento aos EUA


Empresários pedem negociação de tarifaço
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no último dia 9 que os produtos brasileiros passarão a ser taxados em 50% a partir de 1º de agosto.
A tarifa pode tornar inviável a exportação de alguns itens brasileiros para o país. É o caso do café, que tem seu maior consumo mundial justamente nos Estados Unidos.
Os EUA dependem do grão brasileiro para atender à alta demanda de sua população pela bebida. Se as exportações forem afetadas, o país precisará buscar novos fornecedores.
Não será uma tarefa fácil. Veja por quê:
Os EUA são os maiores consumidores da bebida no mundo, mas não têm produção significativa e dependem do produto importado.
O Brasil é o principal fornecedor do café para os EUA e detém cerca de um terço do mercado norte-americano.
Os outros grandes exportadores de café têm uma produção bem menor do que o Brasil, especialmente do tipo arábica, a variedade que os EUA mais compram.
Até o momento, entre os cinco maiores produtores de café arábica, apenas o Brasil teria a taxa aumentada em agosto. Hoje, o país é taxado em 10%, assim como os concorrentes Colômbia, Etiópia, Honduras e Peru.
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Quem são os concorrentes do café brasileiro?
O Brasil é o maior produtor de café do mundo, com quase 65 milhões de sacas de 60 kg na safra 2024/2025, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA. O segundo colocado foi o Vietnã, com 29 milhões.
Mas o Vietnã produz quase exclusivamente café robusta, diferente do arábica, que é o mais importado pelos EUA. Com isso, a concorrência direta fica restrita a poucos países, com vantagem ainda maior para o produto brasileiro.
Na última safra, o Brasil produziu mais de 43 milhões de sacas de café arábica, equivalente a 44% da produção mundial. A Colômbia, segunda colocada, colheu 13,2 milhões – menos de um terço da produção brasileira. Etiópia, Honduras e Peru vêm depois, com volumes menores.
Os 5 maiores produtores de café arábica do mundo
Luisa Rivas/Arte g1
Fernando Maximiliano, analista da consultoria StoneX Brasil, lembra que o Brasil vende cerca de 8 milhões de sacas de café aos Estados Unidos todos os anos.
“A Colômbia, segundo maior produtor, não teria esse café todo para suprir os 100% do que o Brasil deixaria de fornecer. Então, os EUA teriam um desafio bem grande pela frente”, resume o especialista.
Ele explica que, sem outro grande fornecedor de arábica, os EUA poderiam aumentar a compra de robusta e alterar a composição do café vendido. “Ou então buscar o arábica de outro país, mas não vai ser fácil”, completa.
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O impacto para importadores e exportadores
Os EUA produzem só 1% do café consumido por sua população, o que gera a dependência do produto que vem de fora.
Como os outros exportadores do café têm produção menor que o Brasil, a indústria norte-americana provavelmente pagaria mais caro pela bebida, caso a taxa de 50% seja aplicada.
Dessa forma, a falta de café brasileiro contribuiria para encarecer ainda mais o produto no mercado norte-americano. Segundo dados do governo dos EUA, o preço do café subiu 32,4% no país entre junho de 2024 e maio de 2025.
Os importadores do país não têm muitas alternativas além de buscar um diálogo com o governo Trump. A Associação Nacional de Café dos EUA (NCA, na sigla em inglês) já atua nesse sentido há alguns meses.
Exportadores brasileiros também estão preocupados. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) defendem o uso da diplomacia para resolver o impasse.
Raio X da exportação
arte g1
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