‘Que não se faça palanque político no debate da segurança’, diz Motta

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pediu nesta quarta-feira (5) que lideranças políticas e o governo não façam palanque com a segurança pública no Brasil.
Motta participou de um seminário promovido pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) em Buenos Aires. O IDP é uma faculdade de propriedade do ministro do STF Gilmar Mendes.
Há pouco mais de uma semana, uma megaoperação de policiais no Rio de Janeiro no Complexo do Alemão e na Penha deixou 121 mortos, o que opôs esquerda e direita no Brasil.
“A segurança pública no Brasil não pode parar. Da mesma forma que eu pedi no Plano Nacional de Educação e em todos esses projetos que elenquei, em que nós tivemos a condição de deixar um pouco essa radicalização e essa polarização política que tanto nos atrapalha um pouco de lado, eu vou pedir de maneira penhorada, às liderança políticas, ao próprio governo federal, que não se faça palanque político no debate da segurança”, afirmou.
Após a operação no Rio, o governador Cláudio Castro classificou a ação como um “sucesso”. Opositores acusaram o governador de promover a ação para ter ganhos eleitorais. Já o presidente Lula Lula classificou o episódio como “matança”.
“O que a sociedade cobra de nós é um resultado prático e efetivo de entregas legislativas que endureçam penas, respeitem sim os direitos humanos, mas demonstre de maneira muito clara que as instituições brasileiras irão enfrentar firmemente o crime organizado no nosso país”, disse.
Radicalização
Motta também afirmou que a polarização política, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e as taxas e sanções impostas pelos EUA ao Brasil e a autoridades dificultam a busca por consensos no parlamento.
“Formar os consensos é a base de qualquer democracia digna desse nome e esse momento para formar consensos está cada vez mais difícil e complexo”, afirmou.
Motta disse que neste segundo biênio de governo as discussões ficam ainda mais radicalizadas em razão da antecipação do calendário eleitoral. Em outubro de 2026, os brasileiros vão às urnas para eleger presidente, deputados, governadores e senadores.
O presidente da Câmara afirmou que o Brasil saiu dividido das urnas em 2022 e que essa divisão continuou após o pleito, dificultando a discussão dos “grandes temas” na Casa.
“Se for reeleito, será o 4º mandato do presidente Lula. Temos o STF julgando o ex-presidente Bolsonaro, o maior líder da direita no Brasil. Isso interfere completamente no dia a dia da casa”, destacou.
“Temos agora um arranjo internacional que nós não contávamos existir com as recentes decisões sobre tarifas e sanções a ministros da Suprema Corte pelo governo americano, o que também interfere no dia a dia da casa, e além disso todos os outros problemas do país”.