Pacheco diz que deve presidir comissão especial no Senado sobre reforma do Código Civil

Pacheco diz que deve presidir comissão especial no Senado sobre reforma do Código Civil


Pacheco recebe anteprojeto do novo Código Civil; ampliação do conceito de família e temas do direito digital são novidades
O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente da Casa, afirmou nesta quinta-feira (31) que deverá presidir uma comissão especial no Senado para analisar a proposta de reforma do Código Civil.
Ao g1, o ex-presidente da Casa afirmou que a indicação para o comando do colegiado já foi discutida e acertada com o atual comandante do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
🔎Ao reformular o Código Civil, a proposta atualiza as normas que regem a vida cotidiana dos brasileiros, do nascimento até a morte.
São regras que também tratam, por exemplo, dos casamentos, uniões estáveis, dívidas, indenizações, contratos e heranças.
Segundo Pacheco, a comissão deve ser criada e iniciar os trabalhos ainda em agosto, no retorno do recesso parlamentar.
Rodrigo Pacheco, autor do projeto sobre o tema que foi aprovado no Congresso Nacional.
Edilson Rodrigues/Agência Senado
O colegiado terá a função de negociar e consolidar um texto para votação no plenário principal da Casa.
Rodrigo Pacheco afirmou ao g1 que ainda não foi discutida a relatoria da comissão. Ele sinalizou que pretende trabalhar para que o escolhido seja um parlamentar com bom trânsito.
Os futuros integrantes da comissão especial deverão se debruçar sobre um projeto apresentado pelo próprio senador Pacheco e formulado a partir de uma minuta de um grupo de juristas.
Reformas
O texto, apresentado pelo ex-presidente do Senado no início deste ano, faz mais de mil modificações ao atual código, em vigor desde 2003.
➡️Juristas defendem que o atual regramento, que sofreu pequenas modificações ao longo das últimas duas décadas, não atende mais às necessidades dos brasileiros.
Para eles, a reforma é necessária para preparar o Judiciário para novas relações de pessoas físicas ou jurídicas no mundo digital.
“É um trabalho muito importante que precisamos fazer. O Código Civil precisa abarcar as mudanças da sociedade e queremos discutir isso ao longo deste semestre, ouvir a universidade, a sociedade civil”, disse Rodrigo Pacheco.
Para o senador, a proposta de reforma do Código Civil traz pontos consensuados e trechos que causam divergência em setores da sociedade. “Nesses casos [de divergência], podemos apartar esses pontos e discutir separadamente”, avaliou.
Em abril, durante evento no Rio de Janeiro, o vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Luis Felipe Salomão, disse esperar que a reforma do Código Civil seja aprovada ainda neste ano pelo Senado.
Para virar lei, além da aprovação pelos senadores, a proposta também precisará ser aprovada pela Câmara dos Deputados e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Nós estamos com a expectativa de que esse debate [no Senado] possa ocorrer ao longo desse ano”, declarou Salomão, que presidiu, entre 2023 e 2024, uma comissão de juristas responsável por formular a minuta que serviu de base para o projeto protocolado por Rodrigo Pacheco.
Convite a Pacheco
Em abril, durante reunião com lideranças partidárias, segundo senadores ouvidos pelo g1, Alcolumbre anunciou que colocaria Rodrigo Pacheco no centro e na coordenação dos debates da reforma do Código Civil.
O anúncio ocorreu horas depois de Davi Alcolumbre participar do lançamento de um livro, organizado por Pacheco, com artigos sobre a revisão do código.
Pacheco se despediu do comando do Senado no início de fevereiro. Uma de suas últimas ações, nos dias que antecederam a eleição de Alcolumbre, foi registrar oficialmente o projeto de reformulação do Código Civil.
Ao longo de sua gestão, o ex-presidente do Senado defendeu a reforma e chegou a estabelecer a aprovação da proposta como um dos objetivos do mandato.
Volta aos holofotes
A confirmação de Pacheco no comando do colegiado especial deve marcar um retorno do senador aos holofotes. Desde que deixou a presidência do Senado, o mineiro submergiu e se afastou de Brasília para uma viagem particular ao exterior.
O ex-presidente do Senado chegou a ser cotado para assumir um ministério dentro do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pacheco descartou a possibilidade e comunicou a decisão diretamente a Lula.
Na ocasião, o senador defendeu que seria mais útil ao Planalto dentro do Congresso e que gostaria de se empenhar em pautas, como a reforma do Código Civil.