Oposição diz fazer ‘obstrução’ no Congresso, mas ocupação de plenários não tem previsão no regimento

Oposição diz fazer ‘obstrução’ no Congresso, mas ocupação de plenários não tem previsão no regimento


Oposição pernoita na Câmara após prisão de Bolsonaro
Parlamentares da oposição ocupam desde terça-feira (5) os plenários principais do Congresso Nacional em protesto contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e em uma tentativa de pressionar pela aprovação de uma anistia ampla e irrestrita aos acusados pelo 8 de janeiro.
Deputados e senadores da direita organizaram uma lista de revezamento para pernoitar no plenário da Câmara dos Deputados, em turnos programados. Eles seguem no local até a tarde desta quarta (6).
Davi Alcolumbre e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chegaram a cancelar sessões marcadas na terça. Eles também anunciaram a convocação de reuniões com lideranças partidárias das Casas para tentar desmobilizar as ocupações.
Parlamentares da oposição seguem nos plenários da Câmara e Senado
Reprodução
Líderes do movimento anunciaram que fariam uma “obstrução” e aos trabalhos no Congresso até que fossem discutidos “caminhos para a pacificação” (entenda mais abaixo).
📌Mas, segundo a definição oficial do Congresso, obstrução é a utilização, pelos parlamentares, de meios regimentais para protelar ou evitar a votação de determinada matéria.
Por isso, a manifestação de parlamentares da oposição não pode ser configurada como obstrução.
Ao ocupar fisicamente o espaço destinado às Mesas Diretoras das Casas, deputados e senadores estão agindo fora de instrumentos regimentais para impedir as atividades no Congresso.
🔎Exemplos de mecanismos de obstrução oficiais são: pronunciamentos, pedidos de adiamento da discussão da votação e saída do Plenário para evitar o quórum necessário para as discussões ou votações.
Pressão para reunião com presidentes das Casas
Em coletiva nesta terça, o grupo apresentou como pauta das manifestações uma lista batizada como “pacote de paz”. O conjunto contempla:
defesa da aprovação do perdão a condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023;
fim do foro privilegiado;
e o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, Flávio Bolsonaro afirmou que a medida foi tomada após tentativas frustradas de contato com o presidente do Senado.
Nesta quarta, a oposição no Senado afirmou que pedirá ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), um encontro separado para tratar do movimento do grupo que bloqueia os trabalhos no Congresso.
A mobilização ocorre em meio a um acirramento da crise entre o Congresso e o Judiciário, e também em um contexto de discussões sobre possíveis sanções comerciais dos Estados Unidos ao Brasil.