Moraes opta por tirar peso de delação de Cid em fundamentação de voto; juristas veem estratégia

Moraes opta por tirar peso de delação de Cid em fundamentação de voto; juristas veem estratégia


Moraes: 8 depoimentos rejeitam questionamentos sobre delação de Cid
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), optou por fundamentar seu voto em provas periciais, diálogos, minutas e outros documentos, tirando o peso da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Ele falou muito de Cid antes de começar o voto, criticando a má-fé das defesas em dizer que foram várias delações em uma só, em razão de supostas omissões.
No voto, o relator preferiu não se basear somente no teor da delação. E, segundo juristas ouvidos pelo blog, essa escolha foi estratégica.
O professor de Direito Constitucional Wallace Corbo afirmou que, com a postura adotada, Moraes “não dá abertura para uma nulidade impactar a condenação”, avaliando que, se um dia a delação de Cid for anulada , uma eventual condenação não poderia ser revista. “Talvez Moraes esteja antecipando argumentos da divergência”, acrescentou.
Na mesma linha, o jurista Gustavo Sampaio também considera que esta foi uma escolha estratégica de Moraes.
“O relator reconheceu, nas preliminares, a validade da delação, mas pouco a utilizou no mérito do voto. E está certo em assim agir”, afirmou ao blog.
O julgamento segue até sexta-feira (12), quando serão decididas as penas em caso de eventuais condenações dos réus do núcleo crucial da tentativa de golpe.
Moraes durante seu voto no julgamento de Bolsonaro e outros 7 réus da trama golpista
Adriano Machado/Reuters