Moraes abre investigação sobre possível uso de informação privilegiada em operação com dólar antes de tarifaço de Trump
Movimento estranho de compra e venda de dólar, no dia do tarifaço de Trump, levanta suspeita
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (21) a abertura de uma investigação sobre possíveis operações financeiras com uso de informação privilegiada (insider trading) envolvendo o mercado de câmbio.
A apuração foi motivada por uma petição da Advocacia-Geral da União (AGU), que apontou indícios de que transações com dólar teriam ocorrido horas antes do anúncio oficial das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, no último dia 11.
As operações, segundo a AGU, indicam movimentações atípicas e em volume significativo, o que pode sugerir que investidores tiveram acesso prévio e indevido a informações sensíveis sobre o tarifaço do governo norte-americano.
O movimento suspeito
9 de julho
13h30: alguém compra entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões a R$ 5,46
16h17: Trump publica carta anunciando tarifaço de 50% contra o Brasil
16h20: os mesmos dólares são vendidos a R$ 5,60
O salto na cotação do dólar logo após o anúncio era esperado, devido à instabilidade causada pela medida. Mas o que chamou a atenção foi a aposta bilionária feita horas antes, em valores muito acima da média e de forma concentrada.
“Não é o padrão normal das transações com o real naquele dia. Pode ter sido qualquer um que sabia desde o começo. E vamos ter que esperar para ver quem realmente foi”, disse ao Jornal Nacional o gestor Spencer Hakimian, da Tolou Capital Management, em Nova York.
Lucro de até 50% em 3 horas
Hakimian afirma que, com a compra a R$ 5,46 e a venda a R$ 5,60, o lucro pode ter chegado a 50% do valor investido em menos de três horas — o que é extremamente raro no mercado cambial.
Segundo ele, o movimento indica que o operador:
Sabia da informação antes do anúncio
Sabia o impacto que ela causaria no mercado
Sabia exatamente quando e como operar
“Alguém disse: ‘quero fazer a transação rápido e não quero que ninguém veja’”, relatou.