Lula recomenda a equipe calibrar discurso sobre operação no Rio e evitar ataque frontal a Castro

Lula recomenda a equipe calibrar discurso sobre operação no Rio e evitar ataque frontal a Castro


O presidente Lula recomendou à sua equipe calibrar o discurso sobre a megaoperação no Rio, evitando uma posição de ataque frontal ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.
O resultado foi a decisão tomada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em parceria com Castro, de criar um escritório emergencial de combate ao crime organizado.
Castro e Lewandowski anunciam a criação do Escritório Emergencial de Combate ao Crime Organizado
Segundo assessores de Lula, o governo não podia ficar com a imagem de quem defende traficantes, principalmente depois da frase infeliz e equivocada do presidente, de que traficantes são vítimas dos usuários.
Além disso, o governo também não podia passar o recado de que não aceitava trabalhar em conjunto com o governador Cláudio Castro, exatamente porque a PEC da Segurança Pública prega ação unificada.
Para dar o exemplo do tom desejado, Lula fez postagem condenando traficantes e defendendo as famílias.
“Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violências pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, afirmou Lula, com cada palavra sendo medida em seu efeito.
Lula sanciona lei que busca endurecer combate ao crime organizado
Primeiro, uma crítica direta ao crime organizado, a traficantes. Depois, a defesa de um trabalho coordenado e planejado para evitar mortes, colocando a de policiais em primeiro lugar na frase, uma busca de evitar a mensagem de que a esquerda não gosta da Polícia.
O presidente do PT, Edinho Silva, reconhece que a esquerda tem dificuldades de enfrentar o tema da segurança pública, muitas vezes defendendo de forma correta os direitos humanos, mas às vezes passando a imagem de conivência com traficantes.
Moraes determina que Claudio Castro dê explicações sobre operação no Rio
Nesse contexto, a página oficial do governo federal no Instagram publicou um vídeo no qual defende o combate ao crime organizado “com inteligência”, defendendo a PEC da Segurança Pública e a ação unificada das forças de segurança no país.
O vídeo, no entanto, traz trechos como “com razão, as pessoas têm medo e raiva do crime organizado. E matar criminosos, então, parece solução. É isso que explica a operação no Rio”.
“Só que operações como essa também colocam policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, diz o vídeo. “E matar 120 pessoas não adianta nada no combate ao crime. Porque mesmo se forem todos bandidos, amanhã tem outros 120 fazendo o trabalho”.
“Para combater o crime, precisa mirar na cabeça. Mas, não de pessoas. Tem que atacar o cérebro e o coração dos grupos criminosos”.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva durante coletiva de imprensa à margem da 47ª Cúpula da ASEAN em Kuala Lumpur
Edgar Su/Reuters