Julgamento do golpe: após o interrogatório dos réus, saiba os próximos passos da ação penal no STF
Acusação e defesas terão prazos para pedir, se quiserem, diligências adicionais. Na sequência, deve ser aberto o período de alegações finais. Concluídas estas fases, o caso estará pronto para julgamento, que vai definir se o grupo deve ser condenado ou absolvido. O Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu, nos dias 9 e 10 de junho, oito réus apontados como integrantes do “núcleo crucial” da tentativa de ruptura institucional após a eleição de 2022. Os interrogatórios, conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, ocorreram no âmbito da ação penal sobre tentativa de golpe de Estado e envolvimento em um suposto plano de assassinato de autoridades.
Veja os destaques de cada depoimento:
1. Jair Bolsonaro (ex-presidente)
Negou golpe e ameaças de prisão: Disse que as Forças Armadas não cumpririam ordens ilegais e que nunca foi ameaçado.
Admitiu conversas sobre saídas “dentro da Constituição”: Afirmou que as reuniões buscavam alternativas jurídicas após negativa do TSE a uma petição do PL.
Minimizou impacto do 8 de janeiro: Disse ter pedido a desobstrução de vias e que não incentivou atos ilegais.
Sobre a minuta do golpe: Disse que viu o texto “de forma rápida”, que não alterou o conteúdo e que a possibilidade foi “abandonada na segunda reunião”.
Pediu desculpas a Moraes: Retratou-se por insinuações feitas no passado sobre supostas propinas recebidas por ministros.
2. Walter Braga Netto (ex-ministro e ex-candidato a vice)
Negou pressionar comandantes militares: Disse que não ordenou ataques a Freire Gomes ou Baptista Júnior e que mensagens atribuídas a ele foram tiradas de contexto.
Sobre a caixa de vinho com dinheiro: Afirmou que achava se tratar de recursos de campanha e que encaminhou o pedido ao tesoureiro do PL.
Disse desconhecer plano de assassinato de autoridades: Afirmou nunca ter ouvido falar das operações Punhal Verde Amarelo ou Copa 2022.
3. Mauro Cid (ex-ajudante de ordens)
Relatou repasses em espécie: Confirmou ter entregue dinheiro vivo a pedido de Braga Netto.
Apontou envolvimento de Bolsonaro: Afirmou que o ex-presidente discutiu e editou minuta de decreto que previa prisões.
Citou papel de Braga Netto com acampamentos: Disse que o general fazia a ponte com manifestantes.
4. Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
Disse que minuta do golpe não foi elaborada por ele: Afirmou que o texto foi adicionado a seus documentos sem sua ciência.
Negou qualquer ação golpista: Disse que não participou de conspiração e que nunca apresentou o documento a Bolsonaro.
5. Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
Afirmou que não colocaria tropas à disposição de golpe: Declarou que respeita os limites constitucionais
Negou participação ou ciência de qualquer plano golpista.
6. Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
Pediu desculpas públicas a Moraes e ao TSE: Disse que fez críticas “mal colocadas” e que não considera o tribunal um inimigo.
Negou ter levado relatório ao presidente: Disse que nunca houve reunião para despachar com Bolsonaro e que ele “jamais o pressionou”.
Desconhece minuta de golpe: Disse que nunca teve contato com o texto e não sabe “do que se trata”.
Sobre nota à imprensa que confrontou o TSE: Reconheceu que, se fosse hoje, não publicaria ou teria sido mais ameno.
7. Augusto Heleno (ex-ministro do GSI)
Negou participação em conspiração: Afirmou que reuniões eram informais e não continham pactos golpistas.
Defesa pediu adiamento por causa de um jantar: Moraes ironizou o pedido do advogado.
8. Alexandre Ramagem (deputado e ex-diretor da Abin)
Disse que arquivo com críticas ao TSE era pessoal: Negou ter enviado a Bolsonaro e disse que se tratava de um documento para uso próprio.
Rejeitou qualquer articulação golpista: Disse que suas anotações não buscavam mobilizar o ex-presidente.