Governo avalia que Tarcísio ‘ultrapassou a linha’ no discurso em ato pró-anistia; oposição avalia que tom foi necessário

Governo avalia que Tarcísio ‘ultrapassou a linha’ no discurso em ato pró-anistia; oposição avalia que tom foi necessário


Governo avalia que Tarcísio ultrapassou a linha em discurso em ato pró-anistia
A avaliação no Palácio do Planalto e entre ministros do governo Lula (PT) é a de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), “escalou demais” e “ultrapassou a linha” em suas críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante os atos pró-anistia dos envolvidos na tentativa de golpe, neste domingo (7).
A leitura feita pela maioria é que Tarcísio fez um gesto para se viabilizar como o candidato da base bolsonarista em 2026, mas que o movimento foi arriscado. “Ele quer demonstrar lealdade para ser o candidato à presidência, mas é um jogo arriscado, ele escalou, ficou muito ruim, um desrespeito”, disse um ministro próximo de Lula ao blog.
Dentro do governo, há duas teses para explicar a intensidade da fala do governador paulista. Uma parte acredita que foi um movimento friamente calculado para agradar a base radical. Outra corrente avalia que Tarcísio calculou mal, se empolgou com a multidão e não conseguiu dosar as palavras.
Independentemente da motivação, a consequência, na visão do governo, é clara: Tarcísio, que sempre teve boa relação com o STF, agora tende a ficar isolado na corte. “Destruiu pontes”, resumiu um interlocutor de Lula.
A resposta do ministro do STF Gilmar Mendes foi bastante elogiada pelos governistas e também por colegas no Supremo. Resume o espírito da corte.
O Tarcísio ‘escancarado’
Apesar da crítica, há no governo quem veja um lado positivo na radicalização do discurso. Um ministro afirmou que é melhor que o Tarcísio escancarado apareça desde já: “Importante o povo conhecer a face das pessoas antes”.
Outro ministro, no entanto, avalia que pouco importa qual Tarcísio seja mostrado, e que o governo precisa se concentrar na disputa de projetos e valores, e não de personalidades.
Do lado da oposição, um aliado de centro do governador paulista avalia que a estratégia foi acertada. Segundo ele, Tarcísio vinha apanhando de dois lados, dos bolsonaristas e da esquerda, e resolveu assumir um lado para tomar pancada só de um lado. “Deu certo. O tom a mais foi necessário para o momento.” Contudo, ele acredita que Tarcísio não perdeu as características de um moderado.