Golpe da loja online fake é a fraude de compras mais comum no Brasil, diz pesquisa

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O golpe da loja online falsa é o tipo de fraude mais comum no Brasil, predominando na maioria dos estados. É o que mostra uma pesquisa realizada pela plataforma de denúncias SOS Golpe em parceria com a CloudWalk, fintech dona da InfinitePay.
O levantamento analisou cerca de 11.800 denúncias na SOS Golpe entre janeiro e maio de 2025. Dessas, 5.300 (45,1%) estão relacionadas a golpes de compra. Os demais 54,9% envolvem outros tipos de fraudes digitais, não ligadas a compras.
O Distrito Federal é o local de maior registro de fraudes digitais no Brasil e também lidera o ranking de ocorrências do golpe da loja falsa, de acordo com o índice elaborado pelos pesquisadores (entenda abaixo).
Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná aparecem logo em seguida entre os estados que mais caem em golpes de compra.
🏴☠️ Como funciona o golpe da loja fake? A vítima é atraída por uma promoção tentadora, geralmente vista nas redes sociais, e finaliza a compra em um site desconhecido, mas que parece confiável. O pagamento é feito por PIX, mas o e-mail de confirmação nunca chega, e a loja desaparece. A perda média de dinheiro nesse tipo de golpe é R$ 740.
“É o golpe que tem maior incidência em praticamente todos os estados brasileiros. Ele explora justamente aquela sensação de estar tirando vantagem de um ‘grande negócio’, quando na realidade o produto nunca chegará ao consumidor”, diz Marcia Netto, presidente da Silverguard, responsável pela SOS Golpe.
O Distrito Federal lidera o ranking por concentrar uma população com maior renda, resultando em mais atividade econômica e transações bancárias, explica Marcia Netto.
Outros golpes virtuais comuns que atingem os brasileiros são o da empresa clonada e o do vendedor de itens usados. Veja como cada um funciona:
🏴☠️ Golpe da empresa clonada: criminosos copiam lojas online oficiais para enganar vítimas e receber pagamentos. Um exemplo desse golpe ocorreu em 2023, envolvendo um site fake que vendia ingressos para os shows da Taylor Swift no Brasil — como mostrou o g1, a página imitava o site da T4F e só aceitava PIX. Segundo a pesquisa, a perda média nesse tipo de fraude é de R$ 520.
🏴☠️ Golpe do vendedor de itens usados: esse é um velho conhecido dos brasileiros. Um dos exemplos mais comuns é quando golpistas invadem contas no Instagram e passam a oferecer, aos seguidores da vítima, produtos que não existem. A perda média nesse caso é mais alta: R$ 1.810.
Vale observar que o golpe do vendedor de itens usados é o mais comum em Roraima, enquanto o da empresa clonada lidera no Acre — os únicos estados onde a fraude da loja falsa não ocupa a primeira posição.
🔢 Metodologia: para fazer o levantamento, os pesquisadores cruzaram o número de denúncias na plataforma SOS Golpe com o volume de transações via PIX em cada estado, usando dados do Banco Central. Dessa forma, calcularam a proporção de fraudes por transação e ranquearam os estados do maior para o menor índice.
“Essa métrica nos ajudou a perceber, por exemplo, se um estado tem muitas denúncias apenas porque tem mais habitantes — ou se, proporcionalmente, os golpes estão mais disseminados”, explica a CloudWalk.
Golpes pelas redes sociais
Golpes no Instagram: perfis falsos clonam a conta de negócios para sumir com o dinheiro de clientes
A pesquisa mostra que as redes sociais são ferramentas fundamentais para a ação de golpistas. Para alcançar mais vítimas, criminosos pagam por anúncios nas próprias plataformas.
Em junho, o Fantástico revelou um novo golpe no Instagram, em que perfis de empresas reais são copiados para divulgar promoções falsas e sumir com o dinheiro dos compradores. O setor hoteleiro é um dos mais visados: em Trancoso (BA), mais da metade dos donos de hotéis já relatou ter sido alvo desse tipo de fraude.
“Há uma profissionalização em curso entre os golpistas. Muitos já atuam com CNPJs de fachada e se aproveitam das ferramentas oferecidas pelas redes sociais, e das falhas na detecção, para aplicar fraudes”, afirma ao g1 Yasmin Curzi, pesquisadora do Karsh Institute of Democracy da Universidade de Virgínia (EUA). “O cenário é muito grave.”
Para a especialista, é necessária uma aplicação mais efetiva das regras contra empresas que lucram com a fragilidade dos próprios sistemas. Ela defende uma atuação mais firme de órgãos de proteção ao consumidor, como o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) e o Serviço Nacional de Apoio ao Consumidor (Senacon) .
Como se proteger
🤑 Atenção aos valores muito atrativos: alguns criminosos podem estar vendendo produtos por um preço muito abaixo em redes sociais e em outras plataformas online. Desconfie sempre.
🖥️ Observe o endereço (URL) do site, pois o portal online de uma grande empresa brasileira geralmente termina em “.com.br”. Algumas, porém, podem ter apenas “.com”, mas ainda vale observar para ver se não tem algo estranho nessa URL como extensões suspeitas (.top, .xyz, entre outras).
🔎 Pesquise a reputação da empresa em plataformas como Reclame Aqui e o Google. A pesquisa alerta que golpistas costumam usar nomes parecidos com marcas reais e criam sites falsos que têm visual convincente.
🛜 Evite fazer pagamentos usando Wi-Fi público. “Criminosos podem interceptar dados em redes abertas. Prefira usar a internet móvel”, recomenda a pesquisa.
💵 Evite realizar pagamentos fora dos canais oficiais. Em golpes como o do “pedido cancelado”, o criminoso solicita que a vítima pague via PIX ou boleto bancário. “Nunca aceite pagar por fora em marketplaces”, orienta a pesquisa.
Pesquisa Mapa das Fraudes em Compras Digitais no Brasil 2025
Kayan Albertin/g1
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