Gasto de brasileiros no exterior atinge maior nível para junho em 11 anos, mesmo com IOF elevado

Viagens internacionais crescem mesmo com a alta do IOF; queda do dólar ajuda
Reprodução/GloboNews
Os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,83 bilhão em junho, informou nesta sexta-feira (25) o Banco Central.
De acordo com a instituição, este é o maior valor, para meses de junho, desde 2014 — quando somou US$ 2 bilhões, ou seja, em onze anos.
A série histórica para os gastos de estrangeiros no Brasil tem início em 1995.
No acumulado do primeiro semestre deste ano, as despesas de brasileiros no exterior somaram US$ 10,17 bilhões.
De acordo com o BC, esse também é o maior valor, para os seis primeiros meses de um ano, desde 2014 — momento em que totalizaram US$ 12,44 bilhões.
Alta do IOF
O crescimento nos gastos de brasileiros lá fora acontece apesar do aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) sobre câmbio, anunciado pelo governo em meados maio deste ano – que encareceu a compra de moeda estrangeira.
Após ajustes feitos pela equipe econômica, a medida vigorou até 27 de junho, quando foi derrubada pelo Congresso Nacional, sendo retomada, novamente — em quase sua totalidade —, em 16 de julho após decisão do Supremo Tribunal Federal.
▶️O IOF subiu para compra de moeda estrangeira em espécie, de de 1,1% para 3,5%, assim como para remessas de recurso para conta de brasileiros no exterior.
💰A compra de moeda em espécie e as remessas para contas no exterior eram utilizadas por viajantes para pagarem menos IOF do que no cartão de crédito, que, até era de 3,38%. Essa alíquota também avançou para 3,5%.
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Dólar em queda e atividade econômica
▶️Se por um lado, a alta do IOF encareceu a compra de moda estrangeira, a queda na cotação da moeda norte-americana amenizou o valor das transações.
Nesta quinta-feira (24), o dólar fechou em queda de 0,05%, cotado a R$ 5,5198. No acumulado deste ano, a queda foi de 10,68%.
Além do dólar, segundo analistas, as despesas no exterior também são influenciadas pelo nível de atividade econômica. Apesar de desaceleração, a economia segue apresentando crescimento neste ano – mesmo com o aumento da taxa básica de juros para 15% ao ano.
Contas externas
No acumulado do primeiro semestre, ainda segundo dados do BC, déficit das contas externas brasileiras avançou 87%, para US$ 32,8 bilhões.
O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por:
balança comercial: que é o comércio de produtos entre o Brasil e outros países;
serviços: adquiridos por brasileiros no exterior; e
rendas: remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior.
Somente em junho, as contas externas registraram um saldo negativo de US$ 5,13 bilhões, contra um déficit de US$ 3,36 bilhões no mesmo período do ano passado.
O Banco Central costuma explicar que o tamanho do rombo das contas externas está relacionado com o crescimento da economia. Quando cresce, o país demanda mais produtos do exterior e realiza mais gastos com serviços também. Por isso, o déficit também sobe.
A piora das contas externas, na parcial até junho, está relacionada principalmente com o desempenho da balança comercial, que teve superávit de US$ 26 bilhões. No mesmo período do ano passado, o saldo positivo foi maior: US$ 37,2 bilhões.
Levando em consideração todo o ano passado, o déficit em conta corrente somou cerca de US$ 57,89 bilhões (valor revisado).
Para o ano de 2025 fechado, o Banco Central estimou, em junho, um rombo de US$ 58 bilhões.
▶️Investimentos estrangeiros diretos
O BC também informou que os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira registraram queda de 11% no primeiro semestre deste ano, para US$ 33,75 bilhões.
Mesmo assim, os investimentos estrangeiros foram suficientes para “financiar” o rombo das contas externas de US$ 32,8 bilhões registrado no mesmo período.
Somente em junho, os investimentos estrangeiros totalizaram US$ 2,81 bilhões, contra US$ 6,27 bilhões no mesmo mês de 2024.
No ano passado completo, os investimentos estrangeiros diretos no país somaram US$ 71,1 bilhões.
Para o ano de 2025 fechado, o Banco Central estimou, em março, um valor de US$ 70 bilhões.