Fux vota para absolver Augusto Heleno por todos os cinco crimes

Fux vota para absolver Augusto Heleno por todos os cinco crimes


Fux vota para absolver Bolsonaro no julgamento da trama golpista; placar está em 2 a 1 pela condenação
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (10) pela absolvição do general Augusto Heleno de todos os cinco crimes imputados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no processo da chamada trama golpista.
Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foi denunciado pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Argumentos de Fux
Ao justificar seu voto, Fux destacou fragilidades na acusação em relação a Heleno.
Segundo ele, um dos pontos usados pela acusação — a agenda apreendida pela Polícia Federal com anotações atribuídas ao general — não permite concluir pela prática de crime.
“Com uma sugestão para que o Ministério da Justiça solicitasse à AGU um parecer encarado de urgência sobre a legalidade de uma ordem judicial. A propósito, não demonstrou detalhadamente a defesa, a Polícia Federal, segundo a defesa, alterou a ordem das páginas da caderneta a fim de sugerir inventivamente a evolução de uma associação linear, quando na realidade essas ordenações se colocavam separadas por 100 páginas”, disse Fux.
O ministro afirmou que a prova material não sustenta a acusação de que Heleno integrava um núcleo de execução de um plano golpista.
Situação no julgamento
Com o voto de Fux, a Primeira Turma do STF já formou maioria para condenar por abolição violenta do Estado Democrático de Direito alguns dos réus, como Mauro Cid e Braga Netto (3 votos a 0 até agora).
No caso de Bolsonaro, Garnier, Paulo Sérgio e Augusto Heleno, Fux pediu absolvição em todos os cinco crimes, enquanto Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram pela condenação.
Ainda faltam votar as ministras Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado. A expectativa é de que o julgamento seja concluído até sexta-feira (12).
O que dizem PGR e defesa
Augusto Heleno durante interrogatório na Primeira Turma do STF
Foto: Ton Molina/STF
Segundo a acusação, Heleno compôs o núcleo estratégico da organização criminosa e teve papel ativo nas articulações para a ruptura democrática. A PGR cita como indício uma agenda apreendida em sua casa com registros de teor golpista.
Já a defesa do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) nega que Heleno tivesse conhecimento de plano golpista e afirma que as anotações em sua agenda eram apenas lembretes pessoais.
Os advogados dizem ainda que, a partir do segundo ano do governo Bolsonaro, sua influência nas decisões foi bastante reduzida. Por isso, não poderia ser responsabilizado por articulações de alto escalão para impedir a posse de Lula.