Fazenda diz que ‘esforço adicional de arrecadação’ pode ser necessário para atingir metas das contas públicas

Fazenda diz que ‘esforço adicional de arrecadação’ pode ser necessário para atingir metas das contas públicas


Em maio, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou em Los Angeles, nos EUA, uma política nacional de data centers que prevê a desoneração de investimentos no setor
Getty Images
Sem detalhar quais medidas poderiam ser adotadas, a Secretaria do Tesouro Nacional informou que um “esforço adicional de arrecadação” pode ser necessário para atingir as metas das contas públicas.
A informação consta no Relatório de Projeções Fiscais do primeiro semestre deste ano, divulgado nesta quarta-feira (16) pelo órgão.
“O exercício estima, assim, o esforço adicional de arrecadação que pode ser necessário para concretizar o alcance das metas de resultado primário definidas no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias – PLDO 2026, a saber: 0,0% do PIB em 2025, 0,25% do PIB em 2026, 0,5% do PIB em 2027, 1,0% do PIB em 2028 e 1,25% do PIB em 2029, supondo-se que esse nível será mantido também de 2030 em diante”, informou o Tesouro Nacional.
De acordo com o governo, o cenário previsto para a arrecadação não contempla a derrubada, pelo Congresso Nacional, do decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que elevou o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF).
Ou seja, estima que será preciso aumentar ainda mais a arrecadação mesmo que o IOF siga elevado.
O cenário também não contempla as mudanças no Imposto de Renda propostas pelo governo Lula para o próximo ano, em análise pelo Congresso Nacional.
E expectativa do governo para a arrecadação embute, entretanto, o aumento de vários impostos, como sobre bets, criptoativos, “fintechs” e sobre títulos incentivados, como as LCIs e as LCAs.
Briga do IOF
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O primeiro decreto com mudanças no IOF foi publicado no dia 22 de maio e aumentava a alíquota de diversas operações de crédito, câmbio e seguros. O governo esperava arrecadar R$ 20 bilhões em 2025 em mais uma elevação de tributos para equilibrar as contas públicas.
No mesmo dia, depois de forte reação negativa do Congresso e do mercado financeiro, o Ministério da Fazenda anunciou a revogação de parte das medidas.
As críticas não diminuíram, e o governo publicou um pacote com novas propostas para aumentar a arrecadação, mas manteve o aumento do IOF nas compras de moeda estrangeira em espécie e com cartões internacionais de crédito e de débito.
Em junho, o Congresso aprovou uma proposta que derrubou o decreto do presidente Lula que aumentou o IOF, imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguros, entre outros.
O governo recorreu, então, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar restabelecer o aumento do imposto.
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, que é o relator de quatro ações sobre o Imposto sobre Operações Financeiras no STF, suspendeu todos os decretos relacionados ao imposto e chamou os representantes do Executivo e do Legislativo para discutir o que fazer.
Nesta terça-feira, terminou sem acordo uma reunião de conciliação entre o governo e o Legislativo.
Ajustes na próxima semana
O Relatório de Projeções Fiscais do primeiro semestre deste ano, divulgado pelo Tesouro Nacional, também diz que, para atingir a meta fiscal deste ano (zerar o rombo nas contas do governo, com intervalo de tolerância), o governo pode anunciar, na próxima semana novas medidas. tesour
Neste caso, as ações seriam necessárias justamente para compensar a derrubada do IOF pelo Congresso Nacional.
“No curto prazo, é possível que o próximo RARDP inclua outra medida que eleve a arrecadação para compensar tais efeitos ou que prescreva contenções adicionais em despesas”, informou o órgão, por meio do Relatório de Projeções Fiscais do primeiro semestre deste ano.
O RARDP é o Relatório bimestral de avaliação das receitas e despesas primárias, previsto para ser divulgado na próxima terça-feira (22). O documento traz as previsões para a arrecadação e para os gastos neste ano, e pode trazer medidas para atingir o limite anual de despesas ou para atingir as metas fiscais (de zerar o déficit em 2025).