Exportações brasileiras de café para os EUA caíram antes de tarifaço de 50% e indústria americana segura novas compras

Exportações brasileiras de café para os EUA caíram antes de tarifaço de 50% e indústria americana segura novas compras


EUA são os maiores compradores de café do Brasil.
Mike Kenneally/Unplash
As exportações brasileiras de café para os EUA caíram 18% de janeiro a julho deste ano, para 3,7 milhões de sacas, em relação a igual período de 2024, segundo um relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgado nesta terça-feira (12).
O movimento já era esperado uma vez que o Brasil exportou volumes recordes em 2024, não só para os americanos, como também para outros mercados, o que reduziu os estoques nacionais.
📉A queda ainda não reflete o impacto do tarifaço de 50% imposto pelo presidente americano, Donald Trump em julho, já que essa taxa começou a valer apenas no dia 6 de agosto.
Em abril, os EUA já haviam sobretaxado os produtos brasileiros em 10%. E, no mês passado, impuseram uma tarifa adicional de 40% a uma série de mercadorias, incluindo o café.
“A partir de agora, as indústrias americanas estão em compasso de espera, pois possuem estoque por 30 a 60 dias, o que gera algum fôlego para aguardarem um pouco mais as negociações em andamento”, explica Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
“Porém, o que já visualizamos são eventuais pedidos de prorrogação, que são extremamente prejudiciais ao setor”, comenta.
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Ferreira explica que, quando um exportador fecha um negócio, ele contrata, junto a um banco, um financiamento pré-embarque, conhecido como Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), o que permite que ele obtenha recursos antecipados.
“Com a prorrogação dos negócios, o ACC não é cumprido e passamos a sofrer com mais juros, com taxas altas e custos adicionais”, diz Ferreira.
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EUA são maior mercado do Brasil
Apesar da queda nas exportações, os EUA continuam como os maiores clientes do Brasil. De janeiro a julho, eles compraram 16,8% de todo o café que o Brasil exportou.
Por isso, a associação de exportadores diz que vem trabalhando junto ao governo brasileiro e ao setor privado dos EUA para que os cafés do Brasil entrem na lista de isenção do tarifaço.
A entidade acrescenta que vem mantendo diálogos com os governos estaduais e federal para implementação de medidas compensatórias ao setor.
China como alternativa?
Neste mês, a China autorizou 183 empresas brasileiras a exportarem café para o país. Mas, segundo o presidente do Cecafé, muitos desses exportadores já atuavam no mercado chinês.
Por isso, ele avalia que a medida “não necessariamente” vai aumentar as exportações brasileiras para o país asiático.
“Observamos atentamente o potencial de crescimento do consumo chinês, mercado que importou 571.866 sacas de janeiro a julho e ocupa a 11ª posição no ranking dos principais parceiros dos cafés do Brasil em 2025”, diz Ferreira.
“Esse credenciamento por cinco anos é positivo do ponto de vista de desburocratização, mas, por si só, não representa nenhum aumento de exportações à China”, finaliza.
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