Exportação de mel orgânico produzido no PI é ameaçada com tarifaço de Trump; conheça diferenças para mel convencional

Exportação de mel orgânico produzido no PI é ameaçada com tarifaço de Trump; conheça diferenças para mel convencional


Exportação de mel orgânico produzido no PI é ameaçada com tarifaço de Trump; conheça diferenças para mel convencional
Reprodução/TV Clube
As exportações de mel orgânico do Piauí para os Estados Unidos podem sofrer uma drástica queda, caso a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada por Donald Trump, entre em vigor a partir de 1º de agosto.
Nesta quarta-feira (16), o g1 conversou com Darcet Costa Souza, professor titular da Universidade Federal do Piauí (UFPI), chefe do departamento de zootecnia e responsável pelo setor de apicultura da instituição. Segundo ele, a imposição da tarifa é uma ameaça, sobretudo, aos pequenos produtores.
“A consequência imediata é a redução na importação, o mercado norte americano deve diminuir o consumo do nosso mel e, consequentemente, a remuneração de produtores. Os pequenos apicultores vão sentir na pele. Para muitos, a apicultura é a principal fonte de renda no sertão do Piauí”, afirmou.
✅ Siga o canal do g1 Piauí no WhatsApp
Atualmente, os Estados Unidos consomem cerca de 80% do mel produzido no Brasil. Em 2024, o Piauí liderou o ranking brasileiro de exportação do produto para o país. O tarifaço de Trump, anunciado na quarta-feira (9), no entanto, causou o cancelamento imediato de grandes encomendas.
“O Piauí tem se destacado porque a maior parte do mel é produzida em áreas de mata nativa, por pequenos produtores. Além de ser um produto certificado como orgânico, ou seja, ter o reconhecimento do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), tem a certificação social, que favorece a comercialização. Importadores norte americanos têm uma tendência a avaliar quem fez o produto que eles estão comprando”, comentou o professor.
Quais as diferenças entre o mel orgânico e o tradicional
Exportação de mel orgânico produzido no PI é ameaçada com tarifaço de Trump; conheça diferenças para mel convencional
Paulo Roberto/TV Clube
Com destinos de exportação como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e países da Europa, o mel produzido no semiárido do Piauí é resultado de práticas sustentáveis.
“O mel orgânico é produzido dentro de um sistema de produção orgânica, tem uma regulamentação nacional e uma série de requisitos a serem cumpridos. Se difere da agricultura convencional e de grande escala por não fazer uso de adubos, fertilizantes e inseticidas, e exige, por exemplo, que as abelhas estejam dispostas em um raio mínimo de três quilômetros”, explicou Darcet Souza.
“Se eu estou em uma área de produção de eucalipto, utilizada por abelhas como fonte de recursos florais, mas que tem o combate a pragas, essa produção é convencional. No planeta, são poucas as áreas que têm condição de produzir um mel orgânico”, completou.
O professor avalia ainda que a demanda por alimentos orgânicos no Brasil tem crescido, impulsionada pela conscientização dos consumidores sobre a importância da saúde e da sustentabilidade.
“A vantagem é que é um alimento especial, o risco à saúde é quase zero, pela ausência de resquícios de agrotóxicos. Vários estudos comprovam a presença de resíduos de pesticidas em alimentos convencionais. E principalmente após a pandemia de Covid-19, a demanda por alimentos orgânicos aumentou”, pontuou o pesquisador.
LEIA TAMBÉM: Entenda como tarifaço de Trump já afeta produtores de mel do Nordeste
Produtores propõem divisão de taxa
Para arcar com a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, exportadores de mel buscam estratégias. Segundo a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), entre as possibilidades analisadas, está a divisão da taxa com os importadores norte-americanos.
“As alternativas que nós temos é negociar e dividir ou, se somos nós que vamos pagar, vamos ter que aumentar o preço do mel, em dólar, para poder compensar essa despesa, porque não vamos poder pagar [a tarifa] e manter os negócios”, afirmou o presidente da Casa Apis, Sitônio Dantas.
O setor teme uma queda nas exportações e aumento nos custos logísticos. Desde o anúncio da tarifa, duas grandes operações de exportação foram prejudicadas no Piauí. São elas:
585 toneladas de mel orgânico do Grupo Sama, um dos maiores exportadores do país, que tenta viabilizar o envio da mercadoria
95 toneladas de mel da Casa Apis, no Sul do Piauí, que conseguiu embarcar a carga no domingo (13) após negociação com os compradores
Como a tarifa de Trump impacta o mel brasileiro
📲 Confira as últimas notícias do g1 Piauí
📲 Acompanhe o g1 Piauí no Instagram e no X
VÍDEOS: assista aos vídeos mais vistos da Rede Clube