ES vira nova alternativa para moradores de grandes centros e é um dos estados que mais ganhou população de outros lugares

Estabilidade de negócios e geração de empregos são fatores apontados por especialistas que colocam o Espírito Santo como 7º estado do país que mais recebeu migrantes entre 2017 e 2022, segundo o IBGE. Cidade de Vitória, capital do Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
O Espírito Santo ganhou força no mapa migratório e apareceu como o sétimo estado que mais recebeu migrantes entre 2017 e 2022, ou seja, pessoas de outros estados que chegam para viver em território capixaba. Com isso, o estado teve ganho populacional de 27,8 mil pessoas durante o período. Os dados são do Censo 2022, divulgados pelo IBGE na última sexta-feira (27).
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Economistas e geógrafos destacam que o Espírito Santo já despontava como uma opção de moradia desde o último Censo de 2010 e se consolidou principalmente para aqueles que saem dos grandes centros, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Especialistas apontaram também alguns fatores que foram essenciais para que o Espírito Santo aparecesse na lista dos nove estados do país que tiveram aumento populacional:
🏭 Investimentos na indústria;
📈 Ambiente fortalecido para estabilidade nos negócios;
👩🏻💻 Oportunidades de emprego.
Rodoviária de Vitória
Reprodução/TV Gazeta
Estado das oportunidades
O Espírito Santo recebeu aproximadamente 102,4 mil migrantes, enquanto cerca de 74,5 mil pessoas deixaram o estado nos cinco anos anteriores ao Censo Demográfico de 2022, resultando em um saldo migratório positivo de 27,9 mil pessoas.
Mas quando comparado o número de pessoas que o Espírito Santo recebeu em relação ao número de habitantes, houve um aumento de 0,73% da população total geral, o que coloca o estado como sexta maior taxa líquida de migração.
O professor de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ednelson Dota, explicou que o aumento de pessoas que deixaram o Rio de Janeiro e São Paulo acabou interferindo no aumento populacional no Espírito Santo.
“Em 2010, o estado já tinha aparecido como uma área de saldo migratório positivo e agora essa tendência continua. Nós observamos alterações importantes em nível nacional, com a maioria dos estados apresentando saldos migratórios negativos, principalmente o Rio de Janeiro. O que acontece com Rio e São Paulo é que eles não oferecem mais isenção produtiva que ofereciam há 30, 40 anos atrás”, destacou o professor.
O Rio de Janeiro apareceu como o estado com o pior resultado de fluxo migratório durante o período: foram 332.574 saídas e apenas 167.214 entradas, o que totaliza uma perda de 165,3 mil habitantes.
A reversão acentuada também marca uma mudança significativa na dinâmica migratória fluminense.
O novo padrão indica que, mesmo mantendo certa capacidade de atração, o Rio passou a registrar uma evasão populacional expressiva, com destaque para fluxos de saída rumo a São Paulo (21,4%), Minas Gerais (17,7%) e Espírito Santo (7,3%), segundo o IBGE.
Quem ganhou e quem perdeu população entre os estados
Artes/g1
Com isso, São Paulo e Rio de Janeiro encerraram o período com populações de 44,4 milhões e 16 milhões de pessoas, respectivamente. Até o Censo anterior, em 2010, os dois estados apresentavam saldos positivos, sendo São Paulo o principal destino da migração brasileira.
É como se, em média, São Paulo tivesse perdido 49 moradores por dia para outros estados entre 2017 e 2022 e 91 pessoas por dia tivessem deixado o Rio no mesmo período.
O economista Wallace Milis pontuou que principalmente a estabilidade do mercado capixaba é o que mais atrai mão de obra vinda dos grandes centros. E, no estado, algumas cidades se destacam com a geração de novas vagas nas indústrias como Serra, Aracruz e Linhares.
“O Espírito Santo tem um mercado de trabalho organizado em empregos formais que dão mais estabilidade às famílias: No 1º trimestre deste ano, foram 151 mil novas admissões com a criação de quase 9 mil novos empregos com carteira de trabalho assinada. Além disso, o estado tem renda per capta acima da média nacional. Isso cria oportunidades para o empreendedorismo, para o fornecimento de bens e serviços de consumo das famílias, dada a capacidade de pagamento dos locais, que acabam atraindo novos negócios, multiplicando renda e oportunidades”, disse.
Fachada do Aeroporto de Vitória
Divulgação
A faixa etária da migração interna no país também demonstra que a oportunidade de vagas de emprego é o maior chamariz para as migrações internas.
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De acordo com o Censo 2022, 1 em cada 5 migrantes tinha entre 25 e 29 anos. O movimento jovem reforça que a mobilidade pode estar diretamente associada ao ciclo de entrada na vida adulta, com busca por trabalho, estudo, moradia e formação de família.
“O Espírito Santo consegue oferecer inserções produtivas, que são o que os migrantes que vem de fora estão buscando. São jovens que estão buscando emprego e quando eles encontram há uma forte tendência deles permanecerem”, completou o professor.
Mudança de vida
Thiago Cass, engenheiro de software, e a mulher Denize Moraes, saíram de São Paulo em 2022 e foram morar no Espírito Santo
Acervo pessoal
O engenheiro de software Thiago Cass, de 39 anos, saiu de São Paulo para o Espírito Santo em 2022, a partir de uma proposta de emprego da empresa em que trabalha.
O profissional percebeu que várias pessoas também fizeram o mesmo movimento migratório que ele impulsionados por oportunidades de emprego.
“Eu acho que o Espírito Santo tem uma carência não de emprego em si, mas de mão de obra qualificada em um todo. Sinto que há oportunidades, mas dependendo do grau da necessidade ou área de atuação é preciso buscar profissionais de outros estados para preencher tal área”, contou.
Para Cass, que se mudou com a esposa, o estado se transformou em uma boa opção para traçar novas metas familiares.
“Aprendi a amar o Espírito Santo, é um lugar convidativo, bonito e que te leva a viver uma vida mais ‘tranquila’, por assim dizer. É diferente de São Paulo, que é uma megalópole, foi difícil um pouco a transição, ter que desconstruir isso é um pouco difícil. No entanto, esse lugar é lindo, eu me surpreendo cada vez que ando por aqui, porque sempre há algo novo para se notar. De verdade, eu gosto muito. Falando por mim, posso dizer que, quando penso em ter filhos e viver uma vida menos transitória e ‘calma’, é aqui que penso em ficar. Já não me vejo tão longe daqui. O mar e o verde têm nos convidados a ficar. Minha esposa e eu falamos sobre isso algumas vezes, aqui é um lugar fácil de se gostar”, comentou.
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