Entenda ‘Plano Real’ da Segurança, proposto pelo governo para combater facções criminosas

Entenda ‘Plano Real’ da Segurança, proposto pelo governo para combater facções criminosas


Governo aumentará pena de bandido de facção criminosa
O combate a facções criminosas está na pauta do governo Lula (PT) nas próximas semanas por meio de uma espécie de “Plano Real da Segurança”.
A ideia é se inspirar no Plano Real, responsável por resolver os graves problemas econômicos do país na década de 1990, e criar uma medida capaz por estancar a sangria na insegurança pública brasileira.
A proposta prevê medidas como:
criar um banco nacional das organizações criminosas para mapear os grupos e os seus integrantes;
criar uma agência nacional para enfrentar as organizações criminosas;
alterar o conceito sobre o que é uma organização criminosa;
novos dispositivos na lei para o combate às facções;
mudar as regras para inquéritos policiais que envolvam as organizações criminosas, bem como aprimorar ferramentas para compartilhar dados de facções e seus integrantes;
possibilidade de infiltrar policiais em pessoas jurídicas durante investigações a organizações criminosas;
ajustar as leis para aumentar as penas de crimes relacionados a facções, como promover, criar ou financiar tais grupos;
novas regras para punir tanto agentes públicos quanto empresas que se associem e atuem em parceria com as facções;
novas punições para responsabilizar pessoas jurídicas que atuem de fachada para as facções, como casos de lavagem de dinheiro, por exemplo;
alterar o processo para que um integrante de facção já condenado possa progredir de regime ao cumprir penas — que é o processo de reintegrar a pessoa presa à sociedade;
novas leis para proteger integrantes do Judiciário (juízes, promotores, entre outros) que combatem facções;
desenvolver novas formas de destinar bens apreendidos com grupos criminosos.
Foi no fim do século passado e início dos anos 2000 que facções criminosas ganharam força e avançaram pelo país. Casos mais emblemáticos aconteceram com o Comando Vermelho (CV), a partir do Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo.
As facções se expandiram pelo país e criaram tentáculos, em especial CV e PCC, ao se associarem a outros grupos forte localmente. Movimentos nesse sentido ocorreram mais fortemente no Norte e Nordeste na década passada.
Estas duas regiões viraram foco dos grupos por se tratar de novas rotas para escorrer drogas obtidas em países da América do Sul e com menor controle de autoridades para impedir o tráfico de drogas rumo à Europa.
Lula (à dir.) e Ricardo Lewandowski (à esq.), ministro da Justiça e Segurança Pública
Adriano Machado
Segurança pública no Congresso
O Plano Real da Segurança será apresentado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em forma de projeto de lei (PL) para o Congresso Nacional.
No parlamento, o governo Lula já trabalha para aprovar outra medida prioritária na segurança: a PEC da Segurança.
O texto foi aprovado em julho na Câmara dos Deputados, e que traz uma série de mudanças nas leis, assim como ocorre na proposta direcionada às facções criminosas.
Entre os temas tratados, a PEC prevê:
dar maior poder à União para estabelecer diretrizes de atuação das forças de segurança no país e a política nacional de segurança. É um mecanismo, segundo o Ministério da Justiça, para padronizar ações e integrar polícias e guardas municipais;
ampliar o escopo de atuação da Polícia Federal, assegurando que a corporação terá competência para investigar milícias e crimes ambientais — hoje, segundo o ministro, a PF já atua nessas áreas, mas somente quando há federalização dos casos ou quando há decisão judicial;
expandir as competências da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que passaria a ser chamada de Polícia Viária Federal e teria como responsabilidade o patrulhamento de ferrovias, hidrovias e rodovias.