Em meio ao tarifaço de Trump, Lula sanciona lei para facilitar exportações de pequenas empresas brasileiras

Em meio ao tarifaço de Trump, Lula sanciona lei para facilitar exportações de pequenas empresas brasileiras


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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta segunda-feira (28) um projeto de lei que estabelece o Programa Acredita Exportação, que visa incentivar exportações feitas por micro e pequenas empresas presentes no Simples Nacional.
A sanção ocorre a poucos dias das tarifas de 50%, impostas pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, entrarem em vigor. O governo brasileiro, no entanto, tem enfrentado dificuldades para negociar as tarifas junto ao governo norte-americano.
O objetivo do programa é facilitar a devolução de créditos de impostos já pagos em produtos exportados, uma espécie de devolução de parte do dinheiro pago pelas empresas em impostos.
O projeto foi aprovado pelo Congresso Nacional em julho deste ano e aguardava a sanção de Lula para começar a valer. A medida antecipa efeitos da reforma tributária, que começa a valer em 2027.
A norma estabelece que, a partir de 1º de agosto, essas empresas podem receber o equivalente a 3% de suas receitas com vendas ao exterior, que correspondente à parcela dos tributos pagos ao longo da cadeia produtiva.
Lula e Donald Trump
Getty Images via BBC
Como vai funcionar o Acredita Exportação?
Segundo o texto, a devolução pode ocorrer por meio de compensação para pagamento de outros tributos devidos e mediante ressarcimento dos valores ao beneficiário.
Para solicitar o benefício, as empresas exportadoras devem acessar o sistema da Receita Federal. No entanto, um decreto regulamentando a medida ainda precisa ser publicado para que as empresas possam pedir os créditos.
O governo diz que, com a nova lei, cerca de 50% das micro e pequenas empresas exportadoras passam a ter acesso a esse direito.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), apontam que, em 2024, as exportações dessas empresas atingiram US$ 2,6 bilhões –aproximadamente R$ 14,55 bilhões –, com maior participação de produtos da indústria de transformação.
Em nota, o MDIC, liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), informou que o governo brasileiro tem buscado negociar desde o anúncio das medidas unilaterais pelos EUA, com “base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica”.
“Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano”, declarou o ministério.
A lei também estende o prazo de regularização fiscal de empresas do Simples que tenham sido notificadas por problemas com dívidas ou cadastros. O prazo hoje é de 30 dias, mas a lei amplia para 90 dias, oferecendo mais tempo para que as empresas se mantenham ativas nesse regime.
Regimes aduaneiros especiais
A medida altera ainda a legislação que regula regimes aduaneiros especiais como o drawback e o Recof. Esses regimes permitem que empresas importem ou adquiram insumos no mercado interno sem pagar impostos, desde que esses insumos sejam usados na produção de bens que serão exportados.
O texto amplia os benefícios para incluir serviços diretamente relacionados à exportação, como transporte, armazenagem, despacho aduaneiro, seguro de carga, entre outros.