Em cúpula sobre democracia, Lula pede atuação conjunta diante do ‘extremismo’ que tenta ‘reeditar práticas intervencionistas’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (21), em Santiago, capital do Chile, que governantes e sociedade precisam atuar juntos em um momento no qual o “o extremismo tenta reeditar práticas intervencionistas”.
Lula deu a declaração durante uma cúpula sobre democracia em Santiago (leia mais abaixo). Além do líder brasileiro, participaram os presidentes do Chile, Gabriel Boric, da Colômbia, Gustavo Petro, do Uruguai, Yamandú Orsi. O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchéz, também esteve no encontro.
Lula e os presidentes do Chile, Espanha, Uruguai e Colômbia.
Ricardo Stuckert/ Presidência da República
No encontro, as lideranças também defenderam o multilateralismo e a cooperação global baseada na justiça social.
Após a reunião, Lula e os outros quatro governantes fizeram uma declaração à imprensa. Lula não mencionou o tarifaço anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, porém defendeu a atuação conjunto entre governos e sociedades para enfrentar os extremismos.
“Nesse momento em que o extremismo tenta reeditar práticas intervencionistas, precisamos atuar juntos. A defesa da democracia não cabe somente aos governos. Requer participação ativa da academia, dos parlamentos, da sociedade civil, da mídia e do setor privado”, afirmou Lula.
Trump cobra a suspensão dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o que o governo brasileiro classifica como uma tentativa de violar a soberania nacional e interferir na independência do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado em uma ação que tramita no STF.
Tarifas
No dia 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta endereçada ao presidente Lula, onde determinou taxas de 50% para produtos brasileiros que são importados pelos Estados Unidos.
Na carta, Trump cita o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que a decisão de aumentar a taxa foi tomada “em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”.
Em resposta, o presidente Lula chamou de “chantagem inaceitável” a decisão de Trump e afirmou que o governo está estudando medidas para negociar com os Estados Unidos.
Na última sexta-feira (18), Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal e recebeu medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de usar as redes sociais e de entrar em contato com investigados e representantes de outros países.
Horas após a operação, o governo dos Estados Unidos informou que foram revogados os vistos americanos do ministro do STF Alexandre de Moraes, de “seus aliados” e de “familiares imediatos”.
“O presidente Trump deixou claro que seu governo responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos. A caça às bruxas política do Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos”, diz a postagem de Marco Rubio nas redes sociais.
Em resposta, o presidente Lula criticou a decisão e afirmou que essa é “mais uma medida arbitrária e completamente sem fundamento do governo dos Estados Unidos”.
“A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações”, acrescentou Lula.
– Esta reportagem está em atualização