Em 1ª agenda pública após se aposentar do STF, Barroso diz que ‘precisamos reagir’ ao crime organizado, mas ‘com inteligência’

Em 1ª agenda pública após se aposentar do STF, Barroso diz que ‘precisamos reagir’ ao crime organizado, mas ‘com inteligência’
Reprodução/TV Globo
Em seu primeiro compromisso público após deixar o Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro aposentado Luís Roberto Barroso disse nesta quinta-feira (30) que “precisamos reagir” ao crime organizado, mas “com inteligência”.
Ele deu a declaração dois dias após uma megaoperação no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho que deixou mais de 120 mortos.
Nós precisamos reagir e é preciso reagir com eventual confronto onde indispensável, mas, sobretudo, com inteligência e com a capacidade de monitorar fronteiras para não entrar drogas, não entrar armas, de monitorar as comunidades pobres para que armas de drogas também não entrem lá.
Ele afirmou ainda que “a inteligência na vida costuma produzir melhores resultados do que a violência”.
E ponderou que “é claro que as situações de confronto inevitável”, mas ressaltou ser “preciso ir atrás do dinheiro. É preciso ir atrás dos grandes responsáveis por esse tipo de criminalidade”.
As falas foram feitas em uma palestra na abertura do 29° Congresso Abramge, voltado para o setor de saúde suplementar.
“Nós temos o problema do crime organizado que, crescentemente, vem ocupando espaço na economia formal com muitas dezenas de facções criminosas e um crescente problema de contaminação das instituições públicas”, acrescentou.
Logo no início da sua fala, Barroso brincou que era a primeira vez que vestia um terno após se aposentar. Ele anunciou a aposentadoria antecipada no dia dia 9 de outubro, dias após deixar a presidência do Supremo, no fim de setembro. O pedido formal foi feito dias depois e a saída aconteceu no dia 18.
Barroso anuncia aposentadoria do cargo de ministro do STF
🔎O STF agora é presidido pelos ministros Luiz Edson Fachin e Alexandre de Moraes, que ocupa a vice-presidência.
➕ O ministro, que tem 67 anos, poderia ficar no Supremo até 2033, quando teria que se aposentar compulsoriamente ao completar 75 anos.
Mas, Barroso já vinha dando sinais de que pretendia deixar a Corte nas últimas semanas em declarações públicas, o que impulsionou as apostas de eventuais sucessores.
Ministro Luís Roberto Barroso.
Victor Piemonte/STF
Entre eles o advogado-geral da União, Jorge Messias, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas.
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Barroso tem indicado que pretende lançar um livro de memórias e se dedicar aos estudos.
Quem é Luís Roberto Barroso?
O ministro da Corte chegou ao Supremo em junho de 2013, indicado pela então presidente Dilma Rousseff. Ao longo desses anos, foi relator de vários processos de grande repercussão.
Entre eles, recursos do mensalão, a ação que restringiu o alcance do foro privilegiado de autoridades e a suspensão de despejos e desocupações em áreas urbanas e rurais em razão da Covid-19.
Ocupou a presidência do Supremo entre setembro de 2023 e setembro deste ano. Comandou a Corte no início da responsabilização dos réus pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos três poderes foram invadidas e distraídas e também no julgamento da Primeira Turma que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados por golpe de Estado.
Também costurou um pacto pela linguagem simples, ampliou as ferramentas de inteligência artificial e impulsionou um programa de bolsas de estudo para candidatos negros à magistratura.
O ministro é doutor em Direito Público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e professor titular de Direito Constitucional na mesma universidade. Autor de diversos livros sobre Direito Constitucional e de inúmeros artigos publicados em revistas especializadas no Brasil e no exterior, ele também foi procurador do Estado do Rio de Janeiro.
