Dona da Fiat inaugura desmanche veicular e vende peças por menos da metade do preço

Dona da Fiat inaugura desmanche veicular e vende peças por menos da metade do preço


Centro Circular AutoPeças é o desmanche de carros da Stellantis, localizado em Osasco (SP)
Vinicius Montoia | g1
A Stellantis, dona da Fiat, inaugurou nesta quinta-feira (14), em Osasco (SP), o primeiro “Centro de Desmontagem Veicular Circular AutoPeças” da América Latina. Com investimento de R$ 13 milhões, a montadora entra no mercado de reciclagem estruturada de veículos sinistrados, em fim de vida útil ou fora de uso — inclusive de outras marcas.
As peças recebem uma classificação de 1 a 10, e somente itens com notas entre 5 e 10 são colocados à venda, segundo a Stellantis. De acordo com Alexandre Aquino, vice-presidente de economia circular da montadora na América do Sul, todas custam menos de 50% do valor original.
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“A nota estará pública através de etiqueta em cada peça, para ser ainda mais transparente com o cliente. Ele tem garantia que a peça passou por um processo legal de desmontagem”, afirma Aquino.
Este é o primeiro desmanche oficial de veículos da Stellantis fora da Europa. O projeto faz parte do plano global da empresa voltado à economia circular. O investimento foi destinado à construção do centro, que deve gerar cerca de 150 empregos nos próximos anos.
Com capacidade para desmontar até 8 mil veículos por ano, o novo centro prioriza a reciclagem automotiva e o reaproveitamento de peças. A operação pode evitar a emissão de aproximadamente 30 mil toneladas de CO₂ ao ano, segundo a empresa.
“Vai ter carros de outras montadoras. E vamos comercializar as peças dessas outras fabricantes, sim”, diz Paulo Solti, vice-presidente de peças e serviços para a América do Sul.
Onde comprar peças usadas?
As peças em bom estado, retiradas dos veículos desmontados, serão vendidas ao público em canais físicos e digitais.
Em Osasco, o atendimento ocorrerá na loja física do centro, instalada em um contêiner de vendas. Pela internet, os componentes estarão disponíveis na loja oficial da “Circular AutoPeças” no Mercado Livre e, em breve, também em um e-commerce próprio.
Todas as vendas seguem os critérios de rastreabilidade e segurança do Detran, garantindo conformidade com a legislação e oferecendo peças em condições de uso, com qualidade e procedência certificadas.
Peças são etiquetadas e vendidas na internet
Vinicius Montoia | g1
De onde vêm os carros desmontados pela Stellantis?
O centro de desmanche recebe veículos sinistrados, classificados como perda total, ou automóveis que chegaram ao fim de sua vida útil. Eles são adquiridos em leilões e passam por um processo de desmontagem que garante a destinação correta de peças e materiais.
Ao chegar à unidade, o veículo passa por uma área de descontaminação, onde todos os fluidos — como óleos e combustíveis — são retirados. Depois, segue para a linha de desmontagem, onde técnicos avaliam a condição geral do veículo e de seus componentes por meio de testes e inspeções detalhadas.
As peças em condições de reaproveitamento são separadas para reuso ou remanufatura. As destinadas à reutilização passam por limpeza com produtos biodegradáveis e recebem identificação individual com classificação, valor de mercado e etiqueta de rastreamento emitida pelo Detran.
Cada veículo é vinculado a uma “carteira de desmonte”, emitida por fornecedor homologado, que lista até 49 itens com rastreabilidade total, incluindo informações sobre o veículo de origem, o responsável pelo desmonte e a procedência da peça.
Além de cumprir as exigências dos órgãos reguladores, a Stellantis adota um sistema próprio de codificação e controle de qualidade, garantindo a padronização de todo o processo.
“Hoje, temos uma destinação correta para 100% dos materiais dos veículos desmontados. Desde os fluidos, como óleos e combustíveis, até matérias-primas como aço, ferro, alumínio, cobre e outros metais nobres. Tudo é reaproveitado”, explica Paulo Solti, vice-presidente de Peças e Serviços para a América do Sul.
O reaproveitamento de peças veiculares ainda enfrenta grandes desafios no Brasil. A Stellantis estima que a frota nacional tenha cerca de 48 milhões de veículos e que, a cada ano, aproximadamente 2 milhões cheguem ao fim de sua vida útil.
Desses, apenas 1,5% recebem destinação correta. Segundo a montadora, o mercado brasileiro de reciclagem de veículos tem potencial para movimentar até R$ 2 bilhões por ano. Os outros 98,5% permanecem nos pátios dos Detrans ou acabam abandonados.
“O Circular AutoPeças também contribui para reduzir os índices de criminalidade, já que diminui o número de veículos desmontados de forma irregular”, afirma Solti.
A siderúrgica ArcelorMittal mantém contrato com a Stellantis, e todas as carrocerias são enviadas para reciclagem do material.
“Ao internalizar as operações de desmontagem, a Stellantis passa a ter controle sobre o fluxo de componentes e materiais dos veículos, ao mesmo tempo em que reduz o desperdício”, afirma Laurence Hansen, vice-presidente sênior global de Economia Circular.
Paulo Solti, vice-presidente de Peças e Serviços para a América do Sul, garante que o desmanche da Stellantis também realizará a desmontagem e reciclagem de carros elétricos e híbridos.
Primeiro centro de desmanche fora da Europa
O novo centro, em Osasco, integra a expansão industrial da Stellantis na área de Economia Circular na América do Sul. É o primeiro fora de Turim, na Itália, onde foi inaugurado o desmanche pioneiro do conglomerado.
Segundo a fabricante, o objetivo é prolongar a vida útil dos produtos, reduzir o impacto ambiental e incentivar um consumo mais consciente.
“Baseada na estratégia dos 4R (Remanufatura, Reparo, Reuso e Reciclagem), buscamos estender a vida dos produtos, reduzir o desperdício e reintegrar materiais no ciclo produtivo, formando um ecossistema integrado essencial para preservar os recursos do planeta”, afirma Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis América do Sul.
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