Dólar opera em alta, com dados econômicos do Brasil e dos EUA no radar da semana

Na sexta-feira, a moeda norte-americana caiu 0,27%, cotada a R$ 5,4834. Já a bolsa recuou 0,18%, aos 136.866 pontos. Não vejo omissão do presidente Lula, diz Haddad
O dólar opera em alta na última sessão do mês. Nesta segunda-feira (30), a moeda avançava 0,25%, cotada a R$ 5,4969 perto das 09h30. As negociações no Ibovespa, por sua vez, só começam a partir das 10h.
▶️A agenda econômica está cheia nesta semana, com novos dados de atividade esperados tanto no Brasil quanto no exterior. Por aqui, o destaque fica com a divulgação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), previsto para a tarde.
Já no exterior, investidores acompanham novos dados dos Estados Unidos e da Europa, além de seguirem atentos à tramitação do projeto de lei orçamentário do presidente norte-americano, Donald Trump, que avançou no Senado no final de semana. Falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) também ficam no radar.
▶️ Além disso, o mercado segue atento aos desdobramentos da derrubada do projeto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que aconteceu na semana passada. Como mostrou o g1, a redução da arrecadação e a resistência do Congresso devem levar a novos cortes no Orçamento, e investidores aguardam qual será o posicionamento do governo para a situação.
Em entrevista à GloboNews na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente Lula (PT) acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para analisar se a decisão da Câmara dos Deputados de derrubar o aumento do IOF fere ou não a autonomia entre os poderes.
▶️A proximidade do fim do prazo de suspensão do tarifaço de Donald Trump também continua na mira do mercado. O número de acordos firmados ainda é baixo e reacende preocupações com a guerra comercial.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,75%;
Acumulado do mês: -4,10%;
Acumulado do ano: -11,27%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: 0,18%;
Acumulado do mês: -0,12%
Acumulado do ano: +13,79%.
Dados econômicos no foco
O último pregão de junho começa com uma agenda recheada de indicadores previstos para a semana. Nesta segunda-feira (30), uma série de dados de trabalho e atividade ficam no radar.
▶️No Brasil:
Por aqui, o Boletim Focus, relatório que reúne projeções do mercado financeiro sobre os principais índices econômicos, indicou que os economistas reduziram suas estimativas para a inflação brasileira pela quinta semana consecutiva.
Além disso, investidores aguardam a divulgação do Caged durante a tarde. A expectativa é que os novos dados de emprego deem sinais mais claros sobre a atividade econômica brasileira e sobre quais podem ser os próximos passos do BC na condução dos juros.
▶️Nos Estados Unidos:
Já nos EUA, o foco dos mercados estará voltado para a política monetária, com novos dados de atividade e eventuais falas de dirigentes do Fed. Na semana passada, o índice de preços PCE registrou uma alta de 0,1% em maio, mesma taxa de abril. No acumulado em 12 meses, a inflação medida pelo PCE foi de 2,3%, ante 2,2% em abril. Os dados foram divulgados pelo Departamento de Comércio norte-americano.
O órgão também indicou que os gastos dos consumidores do país tiveram uma queda inesperada em maio, uma vez que diminuiu o impulso de compra preventiva de bens, como veículos automotores, antes da imposição de tarifas. Nesse caso, o recuo foi de 0,1%, após ganho revisado de 0,2% em abril.
O resultado animou os mercados, uma vez que reforça a perspectiva de que o Fed deve cortar os juros em breve.
Por fim, os desdobramentos do projeto de lei orçamentária no país também ficam no radar.
▶️Na Europa:
Dados econômicos da Europa também são monitorados. Nesta segunda-feira (30), o Banco Central Europeu (BCE) prometeu ajustar sua estratégia geral de juros após ter sido surpreendido por um aumento nos preços nos últimos anos.
A nova estratégia quinquenal do BCE segue um período de montanha-russa no qual o banco central passou da preocupação com a deflação durante a pandemia para uma crise de custo de vida exacerbada pela invasão da Rússia na Ucrânia e, mais recentemente, as interrupções causadas pela guerra comercial.
De olho no IOF
O mercado também segue de olho nas contas públicas do governo, principalmente após o Congresso Nacional ter derrubado o decreto presidencial que alterava as regras e aumentava a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), na semana passada.
Segundo a equipe econômica, a derrubada dos decretos deve causar uma redução de R$ 10 bilhões na arrecadação neste ano. Especialistas consultados pelo g1 alertam que a decisão deve levar o governo a aplicar novos bloqueios e contingenciamentos no Orçamento 2025.
▶️Diante desse cenário, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na última sexta-feira que o presidente Lula acionou a AGU para analisar se a decisão da Câmara dos Deputados de derrubar o aumento do IOF fere ou não a autonomia entre os poderes.
“Em relação ao decisão do presidente, ele pediu à AGU, perguntou à AGU se o decreto legislativo usurpa uma prerrogativa do Executivo. Se a resposta for positiva, ele deve recorrer (à Justiça)”, disse, em entrevista ao Estúdio I, da GloboNews.
Segundo Haddad, caso a AGU aponte que há usurpação, Lula terá que acionar a Justiça porque “ele jurou cumprir a Constituição Federal” e não pode “abrir mão” de decisões que são do Executivo. O ministro afirma que não vê omissão por parte do presidente Lula na questão do IOF.
Haddad avaliou os impactos da decisão, quais as chances de o governo Lula (PT) acionar a Justiça para analisar o caso e como fica a meta fiscal sem a mudança do IOF nas contas. Ao defender o decreto que elevou a alíquota do IOF para 3,5% em algumas operações de crédito, o ministro rebateu críticas de que a medida teria objetivo arrecadatório.
Segundo o ministro, o percentual anterior era superior a 6% até o fim de 2022 e não foi alvo de questionamentos. “Tem operações de crédito que eram maquiadas para driblar o imposto. Nós fechamos essa brecha”, declarou.
Guerra comercial e pressão no Fed
Com a situação no Oriente Médio mais estável, o foco agora se volta para a guerra comercial provocada por Donald Trump. A suspensão de 90 dias do tarifaço está prestes a expirar, e os investidores aguardam possíveis novos acordos por parte dos EUA.
🔎 O mercado avalia que o aumento das tarifas sobre importações pode encarecer os preços ao consumidor e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo. Isso pode resultar em uma desaceleração da economia dos EUA e até uma recessão global.
Diante desse cenário, as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, continuam no centro das atenções. Na terça-feira, ele reiterou que aguardará novos estudos sobre os possíveis impactos do tarifaço de Trump na inflação dos EUA antes de decidir sobre os rumos da taxa de juros.
“Os aumentos de tarifas neste ano provavelmente elevarão os preços e pesarão sobre a atividade econômica”, afirmou Powell durante depoimento perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA. Nesta quarta-feira, ele reiterou o discurso ao Senado norte-americano.
A postura de Powell tem gerado duras críticas do presidente Donald Trump. Na terça-feira, ele o chamou de “burro” e “teimoso” em publicações nas redes sociais.
Nesta quarta-feira, a tensão aumentou. Segundo o jornal “The Wall Street Journal”, Trump tem cogitado substituir o comando do Fed antes do fim do mandato de Powell. A possibilidade tem gerado preocupação entre investidores quanto à preservação da autonomia do BC americano.
*Com informações da agência de notícias Reuters.
Funcionário de banco em Jacarta, na Indonésia, conta notas de dólar, em 10 de abril de 2025.
Tatan Syuflana/ AP