De devolução de aeronaves paradas a aumento da receita, Azul se vê ‘mais leve’ e projeta saída de processo de recuperação judicial

De devolução de aeronaves paradas a aumento da receita, Azul se vê ‘mais leve’ e projeta saída de processo de recuperação judicial


Companhia aérea azul voos Araxá e Patos de Minas
Azul/Divulgação
“Não vamos ficar menor, vamos ficar onde estamos. Bem mais leve”. Foi assim que classificou John Rodgerson, CEO da Azul Linhas Aéreas, ao comentar os resultados operacionais e o andamento do processo de recuperação judicial pelo qual a companhia passa nos Estados Unidos, na noite desta quinta-feira (14).
Após a sétima audiência do processo do Capítulo 11 da Lei de Falências, nos Estados Unidos, a Azul prevê apresentar em setembro o plano de reestruturação completo, com a expectativa de deixar o processo de recuperação judicial até dezembro.
Ao divulgar os dados do 2º trimestre, a Azul informou que alcançou receita operacional de R$ 4,9 bilhões, alta de 18% no comparativo com abril a junho de 2024. Um resultado impulsionado principalmente pela alta demanda registrada, entre eles a participação dos mercados internacionais.
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‘Mais leve’
Ao falar que a companhia fica mais leve, Rodgerson destacou como “peso” o pagamento de aluguel por aeronaves paradas, fora de operação, que davam custos à Azul sem a possibilidade de receita.
Assim, entre as ações já estabelecidas estão a devolução de aeronaves: 12 já foram concretizadas, e o número pode chegar a 30.
No entanto, a Azul projeta que a redução da frota total será menor, pois haverá chegada de novos aviões. Atualmente são 180 aeronaves, e a projeção é que após o processo de recuperação, a companhia opere com 20 a menos.
Otimizar hubs
A melhora nos resultados operacionais passa por atuar em rotas com maior demanda, o que explica, por exemplo, o encerramento de operações de voos em 14 cidades brasileiras em 2025.
As mudanças ocorreram em março e parte havia sido anunciada em janeiro – quando a companhia comunicou a suspensão em 12 municípios.
Em uma apresentação para investidores, a companhia informou, no início de agosto, que o encerramento das operações nas cidades “não lucrativas” representava a eliminação de 53 rotas – veja lista abaixo.
“Com as mudanças, a companhia adaptou sua malha para a operação dos próximos meses, quando se inicia o período da alta temporada. A Azul fez um planejamento de malha com oferta de 3,6 mil voos extras e oferta de 520 mil assentos em todo o país, com destaque para operações inéditas a partir do aeroporto de Congonhas. Pela primeira vez, a Companhia converterá 45% dos voos originalmente voltados ao público corporativo em operações sazonais de lazer para atender a intensa demanda do período”, destacou a empresa, em comunicado. 
Lista de cidades
Crateús(CE)
São Benedito(CE)
Sobral (CE)
Iguatú (CE)
Campos (RJ);
Correia Pinto (SC)
Jaguaruna (SC)
Mossoró (RN)
São Raimundo Nonato (PI)
Parnaíba (PI)
Rio Verde (GO)
Barreirinhas (MA)
Três Lagoas (MS)
Ponta Grossa (PR)
Agora, a companhia afirma que irá focar em seus hubs – o principal deles é o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). Entre as principais operações também estão Confins (MG) e Recife (PE), mas a Azul informou que haverá investimentos para aumento nas operações em Porto Alegre (RS).
Recuperação judicial
A recuperação judicial da empresa, aprovada na Justiça dos Estados Unidos na primeira audiência do processo, em 29 de maio, prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão para eliminar a dívida.
Segundo a empresa, a intenção é manter todos os seus ativos, podendo continuar com a operação, negociar um possível adiamento de suas dívidas e, com aprovação judicial, conseguir um novo empréstimo.
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“Parte desse capital será usada para comprar uma parte da dívida e parte para custear a operação da empresa durante esse período”, disse, após a primeira audiência, o vice-presidente da institucional da Azul, Fábio Campos.
No início de julho, a companhia informou ao g1 que obteve a aprovação final de todas as petições feitas durante segunda audiência que envolve a recuperação judicial.
Anúncio da suspensão em 12 cidades
Azul anuncia suspensão de operações em 12 cidades brasileiras; oito são do Nordeste
Em janeiro, quando fez o anúncio da suspensão das operações em 12 cidades, a companhia destacou que “as mudanças fazem parte do planejamento operacional, e os clientes impactados estão sendo comunicados previamente e receberão a assistência necessária, conforme prevê a resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)”.
Na época, antes mesmo do processo de recuperação judicial nos EUA, a companhia citou os impactos causados pela crise global na cadeia de suprimentos e a alta no dólar, somada às questões de disponibilidade de frota e de ajustes de oferta e demanda entre as justificativas para a suspensão.
Pelos mesmos motivos, anunciou na mesma ocasião que os voos para Fernando de Noronha (PE) seriam operados somente a partir de Recife (PE) e que os de Juazeiro do Norte (CE) teriam como destino o Aeroporto de Viracopos.
As operações no aeroporto de Caruaru (PE) também foram “readequadas” devido à baixa ocupação. Os voos passaram a ser operados por aeronaves Cessna Grand Caravan, com capacidade para nove clientes.
A companhia ressaltou que “como empresa competitiva, reavalia constantemente as operações em suas bases, como parte de um processo normal de ajuste de capacidade à demanda”. Disse ainda que “está sempre avaliando as possibilidades e necessidades de mercado e, consequentemente, mudanças fazem parte do planejamento operacional”.
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