Cautela deve ser palavra de ordem no Brasil sobre os efeitos da entrada dos EUA na guerra no Oriente Médio

Diante da entrada dos Estados Unidos na guerra entre Israel e Irã, a palavra de ordem no Brasil deve ser a de ter “cautela” nas avaliações sobre os efeitos econômicos da piora do conflito no Oriente Médio.
Apesar dos cenários pessimistas, com o barril do petróleo podendo superar US$ 100, a equipe do governo Lula deve levar em conta que, desde início do conflito, o produto subiu de preço, mas não superou os US$ 80.
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Os cenários pessimistas traçados por especialistas e bancos levam em conta o risco de o barril do óleo chegar até a US$ 120 na hipótese de o Irã fechar o estreito de Ormuz, por onde passa a exportação de 20% a 30% de petróleo no mundo.
Por enquanto, porém, há apenas uma ameaça. O Parlamento do Irã aprovou o fechamento, mas a medida ainda precisa ser aprovada por autoridades e pelo líder supremo iraniano, Ali Khamenei.
Em outras oportunidades, o Irã fez a mesma ameaça, mas não cumpriu. Um dos motivos é que o próprio país seria afetado pelo fechamento, que impediria a exportação de seu petróleo.
Além disso, há a possibilidade de outros países exportadores suprirem em parte essa queda na oferta de petróleo no mundo, o que pode beneficiar, por exemplo, a Petrobras. A estatal brasileira hoje é um importante exportador de petróleo no mundo.
O principal impacto negativo no Brasil de uma disparada no preço do petróleo seria o inflacionário, o que preocupa a equipe econômica.
Mas se o barril ficar na casa dos US$ 80, a avaliação é que a Petrobras tem gordura para segurar o preço dos combustíveis até que o mercado se normalize.
Agora, se o preço superar US$ 100 o barril, a petroleira do Brasil não terá como segurar o preço da gasolina e do diesel, o que teria efeito inflacionário no país num momento em que a inflação vai recuando gradualmente.