Brics ‘não nasceu para afrontar ninguém’, diz Lula; Trump quer sanções a quem se alinhar ao grupo

Lula disse que anúncio de Trump nas redes sociais é ‘irresponsável’, e reclamou da atitude do líder norte-americano, de fazer ameaças por redes sociais. Lula dá entrevista a jornalista após a Cúpula do Brics no Rio
Pablo Porciuncula/AFP
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira (7), que o Brics, bloco econômico formado por países do chamado Sul Global, “não nasceu para afrontar ninguém”.
Na visão do presidente brasileiro, o bloco pode, na verdade, ser uma “válvula de escape que a humanidade precisa” para mudar os rumos da geopolítica mundial.
A declaração de Lula ocorre um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que vai impor uma tarifa adicional de 10% a “qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics”.
Ainda não há informações sobre quais países serão taxados. Trump também não esclareceu o que considera “políticas antiamericanas” em sua publicação.
Trump ameaça impor tarifas a países que aderirem a “políticas antiamericanas” do BRICS
O Brasil é um dos fundadores do Brics e sedia, nesta segunda-feira (7), a cúpula de líderes do bloco de economias emergentes.
🔎Criado em 2009 por Brasil, Rússia, Índia e China — e ampliado com a entrada da África do Sul em 2010 — o Brics agora conta também com Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Irã.
A ampliação fortalece o peso geopolítico do grupo, mas acentua suas tensões internas.
“O Brics, que não nasceu para afrontar ninguém, é um outro modelo, um outro modo de fazer política”, disse Lula em declaração à imprensa, após a conferência.
Questionado sobre a publicação de Trump, em que o norte-americano anunciou a intenção de ampliar taxas a países alinhados ao Brics, Lula disse que comportamento é considerado “irresponsável”.
“Eu não acho uma coisa muito responsável e séria um presidente da República de um tamanho de um país como os EUA ficar ameaçando o mundo através da internet. Não é correto. Ele precisa saber que o mundo mudou, não queremos imperador”, disse o petista.
O presidente brasileiro também reiterou que a decisão pode ter efeitos negativos ao governo Trump, porque há, no Brasil e em outros países, a política da reciprocidade. “Se ele achar que pode taxar, os países têm o direito de taxar também”, frisou.