Brasil tem déficit acima de US$ 28 bilhões com os EUA em 2024 em comércio e serviços, diz governo

Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
Reprodução/MDIC
O Brasil registrou um déficit com os Estados Unidos superior a US$ 28 bilhões em todo ano de 2024 considerando produtos e serviços. Uma relação é deficitária quando um país mais importa do que vende para o outro.
A informação, que considera estatísticas norte-americanas, foi divulgada nesta quarta-feira (13) pela secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres.
Ela participou de audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico (CDE) da Câmara dos Deputados.
“O Brasil não é um problema comercial para os Estados Unidos. A relação comercial é ganha-ganha, interessa aos dois países, há complementariedade econômica. Isso gera emprego e investimentos para os dois lados, de modo que é importante valorizar a relação comercial”, afirmou Tatiana.
De acordo com os números apresentados pelo Ministério do Desenvolvimento, a maior parte do déficit do Brasil com os EUA está no setor de serviços, que não é alvo do tarifaço implementado pelo presidente Donald Trump.
Veja o déficit por setores de serviço em 2024:
Serviços de manutenção e reparo: -US$ 759 milhões
Transporte: -US$ 2,53 bilhões
Viagens (incluindo educação): -US$ 6,98 bilhões
Serviços de seguros: -US$ 394 milhões
Serviços financeiros: -US$ 2,58 bilhões
Encargos de propriedade intelectual: -US$ 5,15 bilhões
Serviços de telecomunicações e informática: -US$ 2,84 bilhões
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“Se o Brasil tem um déficit com os Estados Unidos, não deveria ser alvo das medidas adotadas, sobretudo porque esse parece ser um tema de preocupação relevante para os Estados Unidos”, acrescentou a secretária de Comércio Exterior.
De acordo com ela, a alíquota média de importação do Brasil para produtos importados dos EUA é de 2,73%, considerando que há vários regimes especiais que permitem que importações ocorram com isenção.
“O que tem a ver com a complementariedade econômica que temos com os Estados Unidos. O Brasil importa muitos produtos com alíquota zero, petróleo e derivados. Dos 10 principais produtos, oito tem imposto de importação zero”, acrescentou Tatiana Prazeres.
Ela afirmou que o objetivo do governo brasileiro é ampliar a lista de exceções à sobretaxa de 40% para produtos brasileiros anunciados no fim de julho pelo presidente do país, Donald Trump.
Decreto assinado em julho por Trump elevou para 50% a alíquota sobre produtos brasileiros, mas também trouxe uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
Entretanto, setores como o de máquinas e equipamentos, de carnes, cafeeiro, de frutas, móveis, produtos têxteis e calçados, entre outros, continuaram sobretaxados.
De acordo com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), cerca de 35,9% das exportações brasileiras aos EUA serão afetadas pela tarifa de 50%, anunciada pelo presidente Donald Trump.