Brasil, China e Índia podem ser punidos por negócios com Rússia, alerta secretário-geral da OTAN

Cúpula do Brics no Rio de Janeiro
Ricardo Moraes/Reuters
O secretário-geral da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Mark Rutte, alertou nesta quarta-feira (15) que países como Brasil, China e Índia podem sofrer sanções secundárias caso continuem a fazer negócios com a Rússia.
A OTAN é uma aliança militar formada por 31 países da América do Norte e Europa, criada para garantir a segurança coletiva entre seus membros.
➡️ Sanções secundárias são penalidades aplicadas a países ou empresas que negociam com um país alvo das sanções principais, neste caso, a Rússia.
Isso significa que mesmo quem não está diretamente envolvido no conflito pode ser punido por “apoiar economicamente” a Rússia.
“Se a Rússia não levar a sério as negociações de paz, em 50 dias ele aplicará sanções secundárias a países como Índia, China e Brasil. Meu incentivo para esses 3 países em particular é que você pode querer dar uma olhada nisso, porque pode te atingir muito forte. Então, por favor, ligue para Putin e diga a ele que ele precisa levar a sério os acordos de paz, porque, caso contrário, isso vai acontecer no Brasil, na China e na Índia”, disse o Rute.
O alerta foi feito durante uma reunião no Congresso dos Estados Unidos, um dia depois do presidente Donald Trump anunciar o envio de novas armas para a Ucrânia e ameaçar impor tarifas de 100% sobre produtos russos vendidos para países que não ajudarem a garantir um acordo de paz em até 50 dias.
Os países citados pelo secretário-geral fazem parte do BRICS, um grupo que reúne cinco grandes economias emergentes, como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que buscam cooperação econômica e política entre si.
No início de julho, os líderes do grupo se reuniram no Rio de Janeiro Com o objetivo de fortalecer o bloco diante da política tarifária agressiva do presidente dos Estados Unidos e de outras medidas protecionistas do Ocidente.
A cúpula, sediada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi a primeira desde a criação da categoria de Estados-parceiros do BRICS. Entre as lideranças presentes estavam o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o primeiro-ministro chinês, Li Qiang.
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Tarifa de 100% contra a Rússia
Nesta segunda-feira (14), Trump ameaçou aplicar tarifas de cerca de 100% sobre produtos russos caso o governo de Vladimir Putin não aceite um acordo de paz na Ucrânia.
O presidente dos EUA justificou que o comércio pode ajudar a “resolver guerras” e disse estar “muito insatisfeito” com Moscou.
A Casa Branca confirmou que a tarifa será aplicada caso não haja cessar-fogo dentro do prazo estabelecido.
No mesmo encontro com Rutte, na Casa Branca, Trump anunciou o envio de uma nova leva de armamentos para a Ucrânia, incluindo sistemas antimísseis Patriot, considerados os mais avançados do Ocidente.
O presidente norte-americano afirmou que alguns equipamentos devem chegar em poucos dias, com apoio de países membros da OTAN.
Apesar das sanções impostas desde o início da guerra, em 2022, as trocas comerciais entre EUA e Rússia continuam. Em 2024, o comércio entre os dois países somou US$ 3,5 bilhões, com a venda de fertilizantes, metais e combustível nuclear.
Essas medidas, segundo especialistas, ampliam a pressão internacional para isolar economicamente a Rússia e podem afetar parceiros comerciais que mantêm negócios com o país.
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