Avaliação no Itamaraty é que Trump não desistirá de tarifaço, mas é possível buscar taxa de 10%

Avaliação no Itamaraty é que Trump não desistirá de tarifaço, mas é possível buscar taxa de 10%


Lista de exceções do tarifaço de Trump muda humor do mercado
O entendimento dentro do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) é de que, ao manter questões políticas nas decisões sobre as tarifas impostas a produtos brasileiros vendidos no mercado americano, o presidente Donald Trump mostra que não desistirá do tarifaço.
É o que apontam diplomatas ouvidos nesta quinta-feira (31) pela GloboNews. Mesmo assim, fontes diplomáticas enxergam margem para se chegar a um consenso em torno dos 10% iniciais e não dos 50% anunciados recentemente.
Inicialmente, a tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros vendidos no mercado americano passaria a entrar em vigor nesta sexta (1).
Tarifaço do Trump afeta economia de RO
Reprodução/redes sociais
Entretanto, nesta quarta (30), o governo americano confirmou que o tarifaço foi adiado para o próximo dia 6 de agosto.
Além disso, definiu cerca de 700 exceções, como derivados de laranja e de aço, que podem corresponder a cerca de 40% de todo o valor exportado do Brasil para os Estados Unidos. Os quase 60% restantes, como carne e café, ainda seguem na lista com a taxa em 50%.
Para integrantes do alto escalão do Itamaraty, o governo Lula não pode cometer o “equívoco” de comemorar o adiamento e as exceções anunciadas pelos Estados Unidos. Por isso, insistem que é preciso seguir com as negociações.
O entendimento é que o tarifaço, até este momento, mesmo com exceções, será “muito prejudicial” à economia e a diversos setores.
Representantes dos exportadores de carne bovina, por exemplo, já dizem que, se mantido, o tarifaço vai inviabilizar vendas para o mercado americano.
Haddad e Lula conversam durante evento no Palácio do Planalto em 28 de julho de 2025.
Evaristo SA / AFP
Medida ‘injustificável’, diz Lula
Em nota divulgada nesta quarta, intitulada “O Brasil é um país soberano e democrático”, o presidente Lula disse que defende o multilateralismo e a convivência “harmoniosa” entre os países, o que tem, segundo ele, garantido a “força” da economia e a autonomia da política externa.
“O governo brasileiro considera injustificável o uso de argumentos políticos para validar as medidas comerciais anunciadas pelo governo norte-americano contra as exportações brasileiras”, afirmou Lula na nota.
“O Brasil segue disposto a negociar aspectos comerciais da relação com os Estados Unidos, mas não abrirá mão dos instrumentos de defesa do país previstos em sua legislação. Nossa economia está cada vez mais integrada aos principais mercados e parceiros internacionais”, acrescentou o presidente.