Após áudio com críticas de Eduardo Bolsonaro a Tarcísio sobre tarifaço, governador diz que negocia redução diretamente com governo dos EUA

Após áudio com críticas de Eduardo Bolsonaro a Tarcísio sobre tarifaço, governador diz que negocia redução diretamente com governo dos EUA


Em entrevista exclusiva à TV TEM, Tarcísio de Freitas fala sobre medidas contra tarifaço
Em visita ao interior do estado com a Caravana 3D, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira (21), em entrevista exclusiva à TV TEM, que acompanha de perto os impactos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos e tem buscado diálogo direto com autoridades e representantes comerciais norte-americanos.
Antes disso, nesta terça-feira (21), ele tinha afirmado que estava preocupado com “pessoas sendo investigadas simplesmente por fazerem críticas”. A declaração foi feita durante agenda na região de Marília (SP), após conversas entre Eduardo e Jair Bolsonaro serem divulgadas pela investigação da Polícia Federal, que indiciou o ex-presidente e o filho dele por coação na ação penal do golpe.
Nos áudios, Eduardo se mostra preocupado com as declarações do ex-presidente, com o apoio dado ao governador Tarcísio de Freitas e na forma como isso refletiria em sua situação política nos Estados Unidos.
📲 Participe do canal do g1 Bauru e Marília no WhatsApp
Na entrevista exclusiva, o governador disse que objetivo do diálogo sobre as tarifas impostas pelos EUA, segundo ele, é mostrar que a medida não afeta apenas os exportadores brasileiros, mas também empresas americanas que dependem de produtos vindos do Brasil. Segundo o governador, a estratégia passa por sensibilizar o governo norte-americano, além de compradores e vendedores do mercado externo sobre os prejuízos da sobretaxa para ambos os lados.
Governador de SP concedeu entrevista exclusiva para equipe da TV TEM em Marília
TV TEM/ Reprodução
“A gente tem que levar esse argumento econômico para mostrar que não só nós aqui que estamos sendo prejudicados, como as empresas americanas lá também estão sendo prejudicadas”.
Tarcísio de Freitas explicou que sua agenda inclui encontros com representantes políticos e econômicos nos EUA, aproveitando os canais abertos de diálogo que mantém no país: “Na segunda-feira eu vou estar com um governador de estado norte-americano, estou falando com encarregado de negócio da embaixada dos Estados Unidos, fazendo contatos, com o departamento de estado, com o departamento de comércio e com empresas americanas.”
O tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, entrou em vigor no início de agosto e estabeleceu sobretaxa de 50% sobre parte das importações brasileiras, índice considerado o mais alto do mundo.
A medida, segundo o governador, ameaça setores estratégicos do interior paulista, que dependem diretamente das exportações para os EUA.
“O tarifaço é algo que preocupa a gente demais. Temos muitos setores afetados, a gente pode falar do nosso agronegócio, a questão do café, nós tivemos a laranja que saiu na lista de exceções, nós temos a questão da proteína animal que ainda tá sobretaxada. Então isso é de fato extremamente danoso para um estado como São Paulo”.
O governador reforçou que São Paulo, por ser um grande exportador de produtos de alto valor agregado, é o estado mais prejudicado: “O estado que mais perde com isso é um estado que exporta muitos produtos de alto valor agregado”.
Entre os exemplos citados, Tarcísio lembrou o impacto direto em fábricas do interior que têm nos EUA seus maiores clientes:
“A Volvo por exemplo, manda todo ano R$ 2 bilhões em caminhão articulado e perder esse mercado é ruim para o estado como um todo. Essa tarifa de 50% significaria perder o negócio, e se a fábrica em Pederneiras desligar, eles têm a opção de negociar com a fábrica na Suécia que com os EUA tem 15% de tarifas, sendo extremamente danoso para um estado como São Paulo”.
O governador ainda mencionou casos de indústrias que dependem de importação de componentes para viabilizar a exportação de seus produtos e que ao mesmo tempo importam partes dos EUA: “Uma fábrica aqui de máquinas e equipamentos, por exemplo, às vezes a gente exporta uma máquina, mas a gente importa eletrônica e motor”.
Para reduzir os danos, Tarcísio contou que vem ampliando contatos internacionais, em busca de novos potenciais mercados que possam absorver a produção paulista, citando a proteína animal:
“No caso da proteína animal, por exemplo, a gente buscou uma conversa com o Japão para abrir o mercado japonês para carne aqui de São Paulo. Então tivemos uma reunião com o governo japonês e os frigoríficos paulistas.”
Ele destacou também medidas emergenciais que estão sendo tomadas, voltadas ao setor produtivo, como linhas de crédito subsidiadas e liberação recorde de créditos de ICMS.
“Nós liberamos uma linha de crédito de R$ 400 milhões e à medida que essa linha vai sendo consumida, a gente vai disponibilizando mais recursos. É uma linha com taxa de juros subsidiada 0.27 ao mês, mais o IPCA. A gente tem a questão de 5 anos para pagar com 1 ano de carência. Então, a ideia é dar capital de giro para as empresas exportadoras para Estados Unidos. E a segunda medida foi liberar, fazer a maior liberação de créditos acumulados de ICMS da nossa história, que é uma liberação de R$ 1,5 bilhão. E, obviamente, a gente vai avaliando outras medidas”.
Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília
VÍDEOS: assista às reportagens da região