Alckmin anuncia reuniões com indústria e agro para discutir alternativas ao tarifaço de Trump

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou nesta segunda-feira (14) que o governo federal realizará, já nesta terça-feira, duas reuniões com representantes do setor privado para discutir a resposta brasileira ao aumento de tarifas anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A medida norte-americana impõe uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA a partir de 1º de agosto. A decisão foi criticada pelo governo Lula, que considera a ação uma retaliação política — motivada por críticas de Trump ao Supremo Tribunal Federal e em defesa de Jair Bolsonaro.
Segundo Alckmin, as reuniões são parte do trabalho de um comitê interministerial criado pelo presidente Lula, que reúne o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a Casa Civil, o Ministério da Fazenda e o Ministério das Relações Exteriores.
“A primeira tarefa é conversar com o setor privado. Separamos em dois blocos. Um bloco, a reunião será amanhã às 10h, no MDIC, com a indústria. Estamos chamando os setores industriais que possuem mais relação comercial com os Estados Unidos: avião, aço, celulose, máquinas… São os setores que estamos chamando. Calçados, móveis e autopeças também. Estamos chamando as entidades e, em alguns casos, as empresas”, explicou o vice-presidente.
Para a primeira reunião, estão convidados setores mais afetados pela nova tarifa, como os de:
Aviões
Aço
Alumínio
Celulose
Máquinas
Calçados
Móveis
Autopeças
A segunda rodada de conversas será às 14h e reunirá exportadores do agronegócio. Foram chamados representantes dos setores de:
Suco de laranja
Carne
Frutas
Mel
Couro
Pescado
O vice-presidente Geraldo Alckmin deu entrevista coletiva no Palácio do Planalto
Guilherme Mazui/ g1
Reuniões com empresas dos EUA
As reuniões não se limitarão à terça-feira. Alckmin afirmou que o governo também vai se reunir com empresas americanas instaladas no Brasil e entidades de comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos.
“As empresas americanas também serão atingidas. Então vamos conversar com elas e com as entidades do comércio Brasil-EUA”, disse o vice-presidente.
Ouvir ideias
O objetivo do governo é ouvir os empresários, dimensionar os impactos da medida americana sobre as exportações brasileiras e discutir eventuais contramedidas. Segundo Alckmin, o diálogo com os exportadores é o primeiro passo de uma estratégia mais ampla de reação à política tarifária anunciada por Trump.
O presidente Lula já mencionou que a Lei de Retaliação Econômica está entre os instrumentos legais que o Brasil poderá usar para responder às tarifas, caso a decisão dos EUA avance.
EUA e Tarcísio
Alckmin disse ainda que não foi procurado pelo encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, após o anúncio do tarifaço de 50% feito por Donald Trump contra produtos brasileiros.
“A mim não procurou”, disse Alckmin.
Ele também afirmou não ver qualquer problema na reunião do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com representantes da embaixada dos EUA:
“Não vejo nenhum problema.”