Advogado de Bolsonaro e Fabio Wajngarten prestam depoimento na PF de SP sobre suposta participação na tentativa de golpe

Advogado de Bolsonaro e Fabio Wajngarten prestam depoimento na PF de SP sobre suposta participação na tentativa de golpe


Depoimentos foram determinados pelo ministro Alexandre de Moraes. Oitiva acontece nesta terça (1º), na sede da Polícia Federal em São Paulo. O advogado Eduardo Kuntz, que defende o coronel Marcelo Câmara, também será ouvido. Fabio Wajngarten e advogado de Bolsonaro prestam depoimento no inquérito da trama golpista
A Polícia Federal ouve, na tarde desta terça-feira (1º), Paulo Costa Bueno, atual advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social da Presidência.
Eles são ouvidos em investigação sobre uma possível “prática dos crimes de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa” na apuração sobre tentativa de golpe de Estado (leia mais abaixo).
Os depoimentos são realizados simultaneamente, e começaram às 15h. O advogado Eduardo Kuntz, que defende o coronel Marcelo Câmara, também é ouvido na sede da PF em São Paulo.
Marcelo Câmara, acusado de participar da trama golpista, está preso em Brasília e foi levado para prestar depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília, no mesmo horário.
Fábio Wajngarten chega na sede da PF de SP nesta terça (1º)
Reprodução/GloboNews
Obstrução de investigação
A decisão pela tomada de depoimentos foi tomada em um inquérito aberto na semana passada para apurar se o réu Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, e o advogado dele, Eduardo Kuntz, tentaram obstruir as investigações da tentativa de golpe.
A ordem de Moraes partiu após a PF entregar ao STF informações obtidas em um celular que pertencia a uma das filhas do ex-ajudante de ordens da Presidência da República, Mauro Cid.
De acordo com os investigadores, o conteúdo mostrou que Kuntz não foi o único advogado a procurar a filha de Cid.
“Outro advogado que também atua – ou atuava – na defesa do ex-Presidente Jair Messias Bolsonaro, Fábio Wajngarten, igualmente, fez intensa tentativa de falar com a família e com Mauro Cid”, diz a PF.
Já Bueno é mencionado pela PF como tendo participado de uma tentativa de contato com a mãe do delator.
“Não bastasse as várias investidas sobre a filha e esposa de Mauro Cid, a defesa dos corréus investiu também sobre sua mãe, Agnes Barbosa Cid, quando em eventos realizados na Hípica de São Paulo, o Dr. Luiz Eduardo Kuntz , uma vez acompanhado pelo Dr. Paulo Costa Bueno, cercaram-na no sentido de demover a defesa então constituída por Mauro Cid, conforme declaração particular que também acompanha a presente”, diz a Polícia Federal.
Perfil no Instagram
Kuntz enviou ao STF conversas que afirma ter mantido com Mauro Cid por meio de um perfil no Instagram. O advogado pediu a anulação do acordo de delação de Cid sustentando que, nas conversas, o ex-ajudante de ordens disse que se sentiu pressionado a fazer a delação. Para o advogado, o acordo deveria ser anulado por falta de voluntariedade do delator.
Em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, Kuntz disse que conversou com Cid porque foi procurado por ele, e que jamais o procurou, e também porque pretendia realizar uma “investigação defensiva” como parte da estratégia de defesa de seu cliente, Marcelo Câmara.
Ao mandar abrir o inquérito para apurar o caso, Moraes viu indícios de que Câmara e Kuntz tentaram atrapalhar as investigações. Em trechos da conversa com Cid, Kuntz perguntava ao tentente-coronel o que ele falou nos depoimentos à Polícia Federal.
Moraes determinou a prisão de Câmara por entender que ele violou uma medida cautelar que o proibia de manter contatos com outros investigados — no caso, Mauro Cid — mesmo por meio de terceiros.