Advogado de Bolsonaro diz que asilo na Argentina foi ‘sugestão’ e que ex-presidente descartou

Advogado de Bolsonaro diz que asilo na Argentina foi ‘sugestão’ e que ex-presidente descartou


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Adriano Machado/Reuters
O advogado Paulo Cunha Bueno disse ao blog nesta quinta-feira (21) que Jair Bolsonaro (PL) recebia “todo tipo de sugestão” e que o pedido de asilo na Argentina, encontrado pela Polícia Federal (PF), foi uma dessas — ele não soube precisar de quem foi a sugestão.
Ao blog, Bueno disse que a sugestão ocorreu em fevereiro de 2024, e foi descartada por Bolsonaro.
“Muita gente mandava muita coisa para ele. Todo tipo de sugestão. Alguém mandou para ele o pedido de asilo em fevereiro de 2024- podia ter ido, mas não foi. Ele não quis, não estava em prisão domiciliar, nem tinha tornozeleira. Teria condições de se evadir e não se evadiu”.
Segundo os investigadores da PF, foi encontrado no celular do ex-presidente um arquivo editável, sem data nem assinatura, em que se pedia asilo em caráter de urgência (leia mais).
De acordo com a PF, o documento mostra que, desde fevereiro de 2024, Bolsonaro articulava alternativas para fugir do país e evitar a aplicação da lei penal. A avaliação dos investigadores é que a iniciativa estava relacionada às apurações sobre a tentativa de golpe de Estado.
Documento no celular e autoria ligada à família Bolsonaro
O relatório da PF detalha que os metadados do arquivo de 33 páginas atribuem a criação e a última edição a um usuário identificado como “Fernanda Bolsonaro”. Para os investigadores, trata-se de Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, nora do ex-presidente e esposa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Além disso, os policiais lembram que, dois meses antes da última edição do documento, Jair Bolsonaro informou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que viajaria para a Argentina entre 7 e 11 de dezembro de 2023. Para a PF, os elementos indicam que ele mantinha em mãos um instrumento que poderia viabilizar sua evasão para o país vizinho.
PF vê tentativa de coação ao STF
No mesmo relatório, a PF concluiu que as mensagens e documentos encontrados demonstram uma estratégia deliberada de coação a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Os investigadores apontam que as sanções articuladas pelos investigados tinham como alvo autoridades responsáveis pelo julgamento da Ação Penal 2668, que apura crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe.
Segundo a PF, a finalidade era impedir uma eventual condenação de Bolsonaro e de outros réus. O inquérito, aberto em maio a pedido da Procuradoria-Geral da República, também levou a medidas contra o pastor Silas Malafaia, alvo de busca e apreensão, e de retenção de passaporte.
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