Haddad diz que Brasil entra em 2026 “tranquilo”, com melhor resultado fiscal em quatro anos

Haddad diz que Brasil entra em 2026 “tranquilo”, com melhor resultado fiscal em quatro anos


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (4), durante a abertura do Bloomberg Green Summit, em São Paulo, que o Brasil vive um momento de solidez econômica e deve encerrar o mandato do presidente Lula “em 2026, de forma tranquila”, após avanços nas reformas e nos indicadores fiscais.
“O Brasil, nos últimos três anos, fez muita coisa importante para criar um ambiente de negócios favorável . E isso já está sendo percebido pelos investidores”, afirmou. Segundo o ministro, o país registrou o maior número de leilões de infraestrutura na B3 em décadas e colhe resultados das reformas estruturais.
Haddad destacou o impacto da reforma tributária, cuja implementação, segundo ele, pode elevar o Produto Iinterno Bruto (PIB) brasileiro entre 12% e 20% nos próximos anos.
Ele também citou a próxima etapa da reforma do Imposto de Renda, defendendo que a redução das desigualdades é essencial para o crescimento. “Não existe crescimento com desigualdade”, disse.
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“Melhor resultado fiscal desde 2015”
O ministro afirmou que o governo deve entregar o melhor resultado fiscal dos últimos quatro anos, mesmo após quitar passivos herdados da gestão anterior. “Teremos a menor inflação em quatro anos, o menor desemprego da série histórica e o maior crescimento desde 2010”, declarou.
Haddad também rebateu críticas sobre o cumprimento das metas fiscais e disse que não pretende alterar o resultado primário previsto para o ano.
“Desde 2023, estão dizendo que eu vou mudar a meta porque não vou cumpri-la. Ou a gente olha para a realidade do Brasil e rema a favor do país, ou continuaremos presos a narrativas”, afirmou.
Segundo o ministro, a discussão sobre as contas públicas está sendo feita “pelos investidores, e não pelos jornais”. “O que me preocupa é o dinheiro que está entrando no Brasil”, completou.
🔎 A meta fiscal de 2025 é de déficit zero – equilíbrio entre gastos e despesas, desconsiderando os precatórios. No entanto, o governo tem uma margem que flexibiliza o centro da meta, permitindo até um déficit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), o que equivale a R$ 31 bilhões.
Para 2026, a meta é de superávit primário de 0,25% do PIB, também com banda de tolerância.
No mês passado, Haddad descartou alterar a meta fiscal de 2026 mesmo após o Congresso rejeitar a medida provisória que previa alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A proposta, que reunia ações de ajuste fiscal, foi derrubada pela Câmara no início de outubro.
O governo esperava arrecadar mais de R$ 20 bilhões em 2026 com o aumento de impostos sobre aplicações financeiras e apostas esportivas, vista como crucial pela equipe em ano eleitoral.
Com a MP caducada, o governo agora busca uma nova saída para fechar o Orçamento de 2026 sem elevar tributos.
Juros e expectativas econômicas
Haddad também voltou a defender a redução dos juros, afirmando que o atual patamar é insustentável. “Não tem como manter 10% de juro real com inflação de 4,5%. Eu tenho alergia à inflação, mas há uma questão de razoabilidade. A dose do remédio pode virar veneno”, comparou.
Para ele, o país tem condições de crescer controlando a dívida e reduzindo os custos financeiros. “Podemos terminar o mandato com indicadores muito superiores. Não precisamos pagar juros tão altos — isso afeta até a capacidade de produção do país”, disse.
Haddad voltou a criticar parte do mercado financeiro, que, segundo ele, torce contra o governo. “Expectativa no Brasil tem muito de torcida. Vejo gente torcendo contra o país, e isso é impressionante”, afirmou.
O ministro ressaltou que o governo mantém o compromisso com metas fiscais e responsabilidade nas contas públicas. “Estamos decididos a fazer o que não foi feito de 2015 para cá: respeitar as metas de primário, fixar objetivos exigentes e cumpri-los”, disse.
Ele também comentou a expectativa sobre o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que pode estender a Lei de Responsabilidade Fiscal ao Legislativo. “Será uma revolução se o Congresso não puder criar despesas sem indicar a fonte de receita”, avaliou.
Haddad destacou que a construção política é gradual: “É mais fácil convencer dez pessoas da equipe econômica do que 513 deputados, mas estamos avançando com paciência e no ritmo que a economia permite”.
Transição energética e investimentos verdes
Ao comentar a agenda de transição energética, Haddad afirmou que o Brasil tem “vantagens competitivas aderentes à pauta climática”.
“Independentemente do que o Bill Gates ache, o Brasil tem energia limpa e barata. Não faz sentido trocá-la por energia suja e cara”, disse.
Ele reforçou a importância dos biocombustíveis e do fortalecimento do marco regulatório do setor elétrico, apesar dos lobbies no setor. “O Brasil tem 40 anos de tradição em biocombustíveis, e não vamos abdicar dessa agenda”, afirmou.
O ministro também citou a criação do chamado Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), projeto apoiado pelo Banco Mundial, como prioridade do Brasil na presidência da COP30.
“Se colocarmos esse fundo de pé, teremos resultados práticos e eficientes. Preservar florestas é bom para todos, sempre, e a um custo muito baixo diante dos benefícios”, concluiu.
Haddad fala durante evento que anunciou plano de socorro a empresas afetadas pelo tarifaço
Adriano Machado/Reuters