Ricardo Galvão anuncia que vai assumir vaga deixada por Boulos na Câmara dos Deputados

Ricardo Galvão (Rede) anunciou oficialmente, nesta quarta-feira (29), que vai assumir o cargo de deputado federal deixado por Guilherme Boulos (PSOL) na Câmara dos Deputados.
Até então presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Galvão é o 1° suplente de Boulos, que é o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
Ricardo Galvão se candidatou a uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2022. Ele recebeu 40.365 votos e não conseguiu se eleger.
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Ao g1, ele já havia confirmado que ia assumir a vaga, mas, nesta quarta-feira, fez uma publicação nas redes sociais para oficializar o novo desafio.
“A voz da ciência no Congresso Nacional. Em 2019, o negacionismo tentou calar a ciência. Mas resistimos. Em 2022, o povo mobilizado derrotou o autoritarismo. Hoje, a ciência brasileira ocupa um lugar na Câmara dos Deputados. Comunico oficialmente que deixo a presidência do CNPq para defender a ciência no Congresso Nacional. Assumo o mandato de deputado federal, sucedendo o ministro @guilhermeboulos.oficial, e encerro com orgulho meu ciclo à frente do CNPq, onde reconstruímos a ciência brasileira”, escreveu Galvão.
Na publicação, ele ainda realçou os feitos à frente do CNPq e agradeceu ao presidente Lula (PT), à ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e à Ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, pela confiança.
“A ciência é o caminho, a democracia é o alicerce e a sustentabilidade é o destino. Sigo à disposição de São Paulo e do Brasil, com fé na razão, na solidariedade e na esperança de um futuro justo e possível”, completou Galvão.
Imagem de arquivo – Pesquisador Ricardo Galvão
Divulgação/MCTI
Reunião com Marina e Boulos
Ao g1, Ricardo Galvão havia dito na última semana que tinha dúvidas se assumiria a vaga. De acordo com ele, o problema era com prazos. Ele não queria deixar o CNPq para assumir uma vaga por pouco tempo.
Havia uma informação nos bastidores de que a ministra dos povos indígenas Sonia Guajajara deixaria cargo após a COP30, que acontece em novembro, o que faria com que ele tivesse uma temporada muito curta na câmara.
“Eu conversei com a ministra e com Boulos que me garantiram que isso não deve acontecer e que eu teria a cadeira até pelo menos março do ano que vem. Com isso, decidi deixar o conselho e assumir o cargo”, explicou.
A reunião aconteceu na última quarta-feira (23). Galvão afirmou que seu principal objetivo é trabalhar no orçamento do ano que vem com maior aporte para as instituições de pesquisa.
“Eu já estou articulando para estar na comissão de ciência porque quero atuar no debate do orçamento de 2026. Temos várias unidades de pesquisa no país com pouco recurso e o meu objetivo no cargo é ajudar a mudar isso”, afirmou.
Ao g1, Galvão disse que ainda é cedo para dizer que tem pretensões políticas de longo prazo. “Eu faço parte de uma rede de pesquisadores engajados que quer trazer debates para o Congresso Nacional. No ano passado, decidimos pela candidatura de alguns. Mas, se não houver essa decisão para a próxima eleição eu não pretendo me candidatar e continuar a apoiar a pesquisa no país como sempre fiz, nos bastidores”, disse.
Demitido por Bolsonaro
Galvão é doutor em física pelo Instituto de Tecnologia de Massachussets, o MIT. Ele assumiu como diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em 2016.
Em 2019, após embater com o ex-presidente Jair Bolsonaro terminou demitido — uma intervenção inédita.
No mesmo ano, Galvão foi incluído na lista da revista “Nature” de 10 cientistas que se destacaram em 2019. Em 2021, também recebeu prêmio internacional da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) na categoria liberdade e responsabilidade científica.
Ricardo Galvão é um dos cientistas condecorados pelo presidente Lula (PT) com a Ordem Nacional do Mérito Científico.
Ricardo Galvão em foto de arquivo durante sessão do Senado.
Waldemir Barreto/Agência Senado
Carreira de Galvão
Ricardo Galvão é formado em Engenharia de Telecomunicações pela Universidade Federal Fluminense, em 1969. Depois, se formou em mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas, em 1972, e doutorado em Física de Plasmas Aplicada pelo Massachusetts Institute of Technology, em 1976.
O cientista é professor aposentado do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, foi diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas entre 2004 e 2011, presidente da Sociedade Brasileira de Física, entre 2013 e 2016, membro do Conselho Científico da Sociedade Europeia de Física, entre 2013 e 2016, e diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre 2016 e 2019
Em fevereiro de 2023, Ricardo Galvão recebeu a nomeação como presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Especialista em física de plasmas e fusão nuclear controlada, Galvão ainda é membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e da Academia Brasileira de Ciências.
Ricardo Galvão é um dos cientistas condecorados pelo presidente Lula (PT)
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