‘Será que alguém acredita que um tuíte de presidente estrangeiro vai mudar o julgamento?’, questiona Dino
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), ironizou nesta terça-feira (9) as pressões externas sobre o julgamento da chamada trama golpista. Ao apresentar seu voto, ele rebateu críticas e afirmou que nada além dos autos influencia a decisão dos magistrados.
“Eu me espanto em imaginar que alguém chega no Supremo e vai se intimidar com um tuíte. Será que as pessoas acreditam que um twiter de uma autoridade, de um governo estrangeiro, vai mudar um julgamento no Supremo? Será que alguém imagina que um cartão de crédito ou o Mickey, vai mudar um julgamento no Supremo?”, questionou Dino.
Pressões externas
O ministro disse que há até ameaças de governos estrangeiros relacionadas ao processo, mas destacou que essas tentativas não têm impacto sobre a análise do STF.
“O que torna esse julgamento digno de debate público são fatores que em nada impactam o desfecho. Há coações, até ameaças. Mas não há, nos votos, nenhum tipo de recado. O que há é o exame estrito do que está nos autos”, reforçou.
Julgamento ‘como outro qualquer’
Dino fez questão de dizer que a análise não é excepcional.
“Esse julgamento não é excepcional, não é um julgamento diferente dos que nossos colegas fazem país afora”, afirmou.
Segundo ele, a Constituição prevê penas para crimes contra o Estado Democrático de Direito, e cabe ao STF apenas aplicá-las.
Contexto
O julgamento analisa a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. O relator, ministro Alexandre de Moraes, já votou pela condenação de todos. Dino, ao apresentar seu voto nesta terça, acompanhou Moraes.
O placar está em 2 a 0 pela condenação. Ainda faltam votar os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma.