IBGE: setor de serviços bate recorde de trabalhadores, mas remuneração média pouco avança

IBGE: setor de serviços bate recorde de trabalhadores, mas remuneração média pouco avança


Setor de serviços no Centro de SP
Fabio Tito/g1
O setor de serviços não financeiros registrou em 2023 mais um ano de crescimento no número de trabalhadores, alcançando seu terceiro recorde consecutivo. Ao longo de uma década, o total de pessoas ocupadas aumentou 17,2%, somando 15,2 milhões — 2,2 milhões a mais do que em 2014.
Os dados divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Anual de Serviços (PAS), também revelam a dimensão socioeconômica do setor.
Foram identificadas 1,7 milhão de empresas prestadoras de serviços, responsáveis por R$ 3,2 trilhões em receita operacional líquida e R$ 1,9 trilhão em valor adicionado à economia.
O setor também destinou R$ 592,5 bilhões ao pagamento de salários, retiradas e outras formas de remuneração.
O valor mais que dobrou frente aos R$ 287,7 bilhões de 2014 (+104,5%). No entanto, a média mensal de remuneração dos trabalhadores não evoluiu na mesma proporção e apresentou queda: passou de 2,4 para 2,3 salários-mínimos em 2023.
“Ao longo da série histórica, houve uma redução desse valor, mas com certa estabilidade nos últimos anos. As atividades estão pagando em torno de 2,2 e 2,3 salários-mínimos em média”, explica Marcelo Miranda, analista do IBGE responsável pela pesquisa.
Essa redução foi observada na maior parte dos segmentos de serviços.
A única exceção foi o grupo de “outras atividades de serviços”, que inclui três áreas:
Apoio à agricultura, pecuária e produção florestal;
Serviços auxiliares nas áreas financeira, de seguros e previdência complementar;
e Atividades relacionadas a esgoto, coleta, tratamento e destinação de resíduos, além da recuperação de materiais.
Nesse grupo, a remuneração média aumentou de 2,9 para 3,6 salários-mínimos ao longo do período.
Pessoas ocupadas x salário médio mensal
Arte/g1
Desconcentração do setor
Em 2023, a concentração de mercado no setor de serviços, medida pelo R8 — que representa a soma da receita gerada pelas oito maiores empresas comparada ao valor total do mercado —, caiu de 9,5% em 2014 para 6,6%, o menor nível registrado na série histórica.
Segundo Miranda, essa redução indica que o setor tem se tornado mais pulverizado ao longo da última década. Em termos de receita operacional, algumas atividades ampliaram sua participação, enquanto outras perderam espaço.
Tecnologia da informação: passou de 6,7% em 2014 para 11,2% em 2023 (+4,5 p.p.);
Serviços auxiliares financeiros, de seguros e previdência complementar: de 2,8% para 5,3% (+2,5 p.p.);
Serviços técnicos-profissionais: de 10,5% para 12,6% (+2,1 p.p.);
Telecomunicações: de 12,1% para 11,2% (-0,9 p.p.);
Transporte rodoviário de passageiros: de 4,5% para 2,9% (-1,6 p.p.);
Serviços audiovisuais: de 3,0% para 1,7% (-1,3 p.p.).
Quanto às oportunidades de emprego, 47% da mão-de-obra se concentra em cinco atividades. Veja abaixo.
Atividades que mais empregaram (em milhões)
Arte/g1
Apesar da queda no número de funcionários em 2020, causada pela pandemia de Covid-19, os serviços de alimentação continuam liderando em número de empregos ao longo da série histórica.
Distribuição por regiões
Embora as atividades estejam mais distribuídas entre as empresas, o recorte por grandes regiões mostra que o Sudeste continua concentrando a maior fatia da receita bruta gerada pelos serviços, com 64,4%.
Na sequência aparecem o Sul (14,9%) e o Nordeste (10,1%). Já o Centro-Oeste e o Norte, com participações de 7,9% e 2,7%, respectivamente, registraram os menores índices.
Participação das grandes regiões
Arte/g1
“A Região Sudeste se destaca [em termos de receita e salário], puxada principalmente por São Paulo, que concentra a maior quantidade de empresas e trabalhadores.”
No que diz respeito à remuneração média, o Sudeste também lidera, com 2,6 salários-mínimos, enquanto o Nordeste apresenta o menor valor, com 1,6 salários-mínimos.
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