Dólar abre em alta com incertezas do Fed e à espera de dados do Caged

Dólar abre em alta com incertezas do Fed e à espera de dados do Caged


Nos EUA, diretora do Banco Central promete desafiar Donald Trump na justiça
O dólar iniciou a sessão desta quarta-feira (27) em alta, subindo 0,28%, aos R$ 5,4490, por volta das 9h05. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abre às 10h.
Os investidores continuam acompanhando o impasse no Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, após o presidente Donald Trump ter demitido a dirigente do conselho, Lisa Cook.
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▶️ Trump anunciou a decisão nas redes sociais, em mais um ataque à independência do banco central dos EUA.
Ontem, o Fed emitiu um comunicado que diz que os diretores da instituição têm mandatos longos e fixos, e que só podem ser afastados pelo presidente dos EUA “por justa causa”.
▶️ No Brasil, após a prévia da inflação ficar abaixo do esperado pelo mercado, a atenção se dá com a divulgação de novos indicadores, com destaque para o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de julho, que será divulgado às 14h30.
Os investidores estão atentos à possível desaceleração na geração de empregos formais. Esse tipo de dado tem sido usado como termômetro para estimar quando o Banco Central pode começar a cortar a Selic.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar

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Acumulado da semana: +0,15%;
Acumulado do mês: -2,98%;
Acumulado do ano: -12,07%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: -0,17%;
Acumulado do mês: +3,50%;
Acumulado do ano: +14,50%.
O impasse no Fed
Trump anunciou a demissão de Lisa Cook por meio de uma publicação em suas redes sociais. A decisão é vista como mais uma escalada nos ataques do republicano à independência do banco central americano.
Cook é a primeira mulher negra a integrar a diretoria do Fed. Na última sexta (22), Trump já havia afirmado que iria demiti-la, caso ela não renunciasse. Na ocasião, ela declarou que “não tinha intenção de ceder a pressões”.
A nota também informa que Lisa Cook, por meio de seu advogado, pretende contestar judicialmente qualquer tentativa de afastá-la.
O Fed destacou em nota que continuará atuando conforme a lei e que, como de costume, cumprirá qualquer decisão judicial. Segundo o comunicado, essas garantias legais são consideradas salvaguardas essenciais para preservar a independência da política monetária.
“Mandatos prolongados e proteções contra demissões arbitrárias asseguram que as decisões do Fed sejam baseadas em dados, análise econômica e nos interesses de longo prazo do povo americano”, afirmou o Fed.
Segundo Andressa Durão, economista do ASA, nunca houve demissão por justa causa de um diretor do Fed.
“Trump pode tentar a demissão e Lisa, a princípio, poderia permanecer no cargo e continuar exercendo suas funções enquanto processa o governo contra a decisão — o que pode durar meses ou até anos, a menos que um tribunal determine uma suspensão imediata.”
Para a economista, a decisão de Trump gera “perda de credibilidade e aumento da insegurança jurídica”, mas o mercado deve superar esse impacto em breve.
“Caso realmente o processo se desenrole e haja saída de Cook do Fed, o resultado será a percepção de um Fed mais ‘dovish’ [postura mais flexível], conforme Trump indique seus membros”, diz a economista.
A medida ocorre em meio a uma sequência de ataques de Trump contra o Fed e seus integrantes. Em outras ocasiões, ele chegou a xingar o presidente da instituição, Jerome Powell, de “burro” e “teimoso”.
Bolsas globais
Os mercados europeus operam sem direção definida nesta quarta-feira, refletindo a cautela dos investidores diante da divulgação dos resultados trimestrais da fabricante de chips Nvidia. Além disso, a instabilidade política na França também pesa sobre o sentimento do mercado
Durante a manhã, o índice STOXX 600 registra leve alta de 0,13%. Em Londres, o FTSE 100 avança 0,02%. Em Paris, o CAC 40 sobe 0,43%, após queda de 1,6% no pregão anterior. Em Frankfurt, o DAX recua 0,13%. Já em Milão, o FTSE MIB apresenta queda de 0,70%.
Na Ásia, os mercados fecharam majoritariamente em baixa, com destaque para as bolsas chinesas, que devolveram os ganhos da manhã. A cautela dos investidores aumentou após a valorização de ações ligadas à inteligência artificial.
No entanto, preocupações com a demanda e a deflação se intensificaram após a divulgação de uma nova queda nos lucros industriais da China pelo terceiro mês consecutivo.
Em Xangai, o índice SSEC caiu 1,76%, a 3.800 pontos. O CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 1,49%, a 4.386 pontos. Em Hong Kong, o HANG SENG perdeu 1,27%, fechando em 25.201 pontos. Em Tóquio, o NIKKEI avançou 0,30%, a 42.520 pontos. Em Seul, o KOSPI subiu 0,25%, a 3.187 pontos. Em Taiwan, o TAIEX teve alta de 0,88%, a 24.519 pontos.
Cédulas de dólar
Pexels
*Com informações da agência de notícias Reuters