Condenada duas vezes pelo STF, Zambelli terá nova audiência sobre extradição na Itália nesta quarta

Condenada duas vezes pelo STF, Zambelli terá nova audiência sobre extradição na Itália nesta quarta


STF condena Zambelli a prisão no caso da perseguição à mão armada
A deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) vai passar por nova audiência na Justiça da Itália nesta quarta-feira (27). O procedimento faz parte do processo de extradição por conta de uma das condenações impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Carla Zambelli está presa na Itália desde 29 de julho. O processo de extradição diz respeito à condenação da deputada a 10 anos de prisão por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A decisão já se tornou definitiva e aguarda o desfecho do processo de extradição.
Na sexta-feira (22), o STF aplicou a Zambelli uma nova pena pela perseguição armada a um apoiador do presidente Lula na véspera do segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Os ministros aplicaram uma pena 5 anos e 3 meses de prisão. Neste processo, a defesa ainda pode recorrer.
A defesa da deputada alegou questões de saúde e já fez pedidos de soltura na Justiça italiana.
O que diz a defesa da deputada?
No processo sobre a perseguição armada, advogados da deputada sustentaram que não houve crime, já que Zambelli tinha autorização para portar o armamento.
“[A questão deveria ser analisada] à luz do estado emocional da acusada, que estava em situação de preocupação e temor por sua segurança e a de seu filho, em razão do recebimento, na noite anterior aos acontecimentos, de diversas mensagens no celular com conteúdo criminoso, incluindo ameaças de morte”, disse a defesa.
Foto de arquivo: a deputada federal Carla Zambelli (PL- SP) participa uma coletiva de imprensa na sede de seu partido no bairro de Moema, na zona sul da cidade de São Paulo, na tarde desta quinta-feira, 15 de maio de 2025
NINO CIRENZA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
No processo sobre a invasão aos sistemas do CNJ, o argumento central da defesa foi a falta de provas de participação dela no caso. Os advogados pediram a absolvição, sustentando que não foi comprovada sua condição de instigadora dos crimes.
A condenação por perseguição
O caso envolve a perseguição da parlamentar a um apoiador do presidente Lula, na véspera do segundo turno da eleição presidencial, em 2022. Na ocasião, ela sacou uma arma e apontou para um homem no meio da rua nos Jardins, área nobre de São Paulo.
A maioria dos ministros acompanhou o entendimento do relator, ministro Gilmar Mendes, e concluiu que ela era culpada das acusações. A decisão também decreta a perda do mandato parlamentar. Cabe recurso no próprio STF.
Invasão de sistemas do CNJ
A deputada licenciada já foi condenada em outro processo na Primeira Corte do STF que apurou a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O colegiado determinou pena de 10 anos de prisão, também com repercussão no mandato. Foi estabelecida ainda indenização de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos, a ser paga em conjunto com o hacker Walter Delgatti, também condenado no mesmo caso.
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) é investigada por contratar um hacker para atacar o Judiciário
Wagner Vilas/Enquadrar/Estadão Conteúdo
Prevaleceu o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, que considerou que ficaram configurados os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
O processo começou a partir de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República, que acusou Zambelli e Delgatti de coordenar ataques aos sistemas do CNJ com o objetivo de desacreditar a Justiça e incitar atos antidemocráticos.
De acordo com a denúncia, Zambelli orientou Delgatti a invadir o sistema para inserir documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.