Governo tem contato regular com secretário de Comércio dos EUA, mas ele não apresenta contraproposta

Governo tem contato regular com secretário de Comércio dos EUA, mas ele não apresenta contraproposta


Negociadores do governo brasileiro relatam que tiveram contatos regulares com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, desde que o tarifaço de 50% foi anunciado, no início de julho.
Nesse período, foram, pelo menos, quatro contatos com ele – seja conversa por telefone ou por trocas de mensagens.
O problema, segundo integrantes do governo, é que Lutnick sequer apresenta uma contraproposta, alguma medida que o Brasil possa tomar para negociar o alívio ou o fim da alíquota de 50% imposta ao país.
Como lidar com o tarifaço imposto por Trump?
Apesar de os negociadores brasileiros reafirmarem a intenção de discutir saídas econômicas, Lutnick afirmou, de acordo com esses relatos, que o impasse envolve questões de interesse das big techs, além de motivações políticas, principalmente decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
O governo Lula discute um projeto para regulamentar as “big techs” — como são chamadas as gigantes da tecnaologia como Google, Apple, Facebook e Amazon—, o que tem desagradado essas plataformas.
Além disso, as gigantes de tecnologia se queixam, por exemplo, da decisão do STF de ampliar a responsabilização das redes pelos conteúdos postados e de estabelecer novas obrigações para que as big techs atuem no Brasil.
Outro ponto citado é o andamento do processo que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Por isso, a visão de aliados do vice-presidente Geraldo Alckmin, que tem sido encarregado das negociações, é que Trump não tem interesse em negociar.
Mesmo assim, o governo brasileiro pretende insistir num canal de diálogo com os Estados Unidos.
Howard Lutnick, secretário de comércio do presidente dos EUA, Donald Trump, fala no Salão Oval.
REUTERS/Nathan Howard
México
Nesta semana, Alckmin e mais ministros do governo vão ao México negociar tarifas e mais abertura comercial.
A estratégia do Brasil tem sido ampliar e diversificar parceiros num período em que os Estados Unidos embaralha o comércio internacional.
A agenda da comitiva começa na quarta-feira em encontros com ministros e empresários.
Na quinta-feira, está prevista uma audiência com a presidente do México, Claudia Sheinbaum, no Palácio Nacional.
O objetivo é incluir mais produtos brasileiros na lista de alíquota zero, ou seja, que não pagam tarifa ao entrar no México. O pedido deve ser principalmente para alimentos, como carnes, cujas exportações para os Estados Unidos foram afetadas pelo tarifaço de Trump.