Bolsonaro cogitou Eduardo como secretário de Tarcísio para se manter nos EUA

Mensagens encontradas pela Polícia Federal (PF) no telefone do ex-presidente Jair Bolsonaro apontam que ele cogitou um plano que envolvia a nomeação do filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como secretário no governo de Tarcísio de Freitas, em São Paulo, para que ele continuasse nos Estados Unidos.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o filho Eduardo Bolsonaro foram indiciados pela Polícia Federal
O objetivo seria que Eduardo mantivesse o cargo de deputado federal que ocupa hoje. O conteúdo da mensagem consta de documentos anexados nesta quinta-feira (21) pela Polícia Federal no inquérito que indiciou o ex-presidente e o filho.
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Datada do começo de junho, a mensagem traz um plano detalhado dos passos a serem adotados caso a ideia avançasse.
A PF identifica que o “conteúdo enviado indica que o texto foi recebido pelo ex-Presidente de um interlocutor e, depois, enviado para o parlamentar”, mas não aponta quem seria o autor da mensagem.
Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro em reunião em 28/08/2019
Marcos Corrêa/PR
O texto destaca que a licença utilizada por Eduardo Bolsonaro desde que foi para os Estados Unidos, em fevereiro, não poderia ser prorrogada pelas regras da Câmara dos Deputados, mas uma nova licença seria possível “desde que seja para missão temporária de interesse público – o que pode incluir uma atuação diplomática vinculada a governo estadual, se bem justificada.”
Neste sentido, o texto indica que os passos seguintes seriam:
Nomeação oficial pelo Governador de SP, por decreto;
Declaração do Governador destacando o caráter institucional e estratégico da missão;
Pedido de nova licença à Mesa Diretora da Câmara, com base no art. 235, IV do RICD [Regimento Interno da Câmara dos Deputados];
Uma articulação política com a Presidência da Câmara para garantir acolhimento do pedido;
O texto destaca que Eduardo Bolsonaro poderia optar por continuar recebendo como Deputado Federal neste caso.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participa de ato em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, em 29 de junho de 2025.
Ganriel Silva/E.Fotografia/Estadão Conteúdo
‘Estado parceiro’
A mensagem enfatiza que a permanência de Eduardo nos EUA seria possível nesta situação “sem necessidade de retornar, desde que esteja formalmente vinculado a uma Secretaria Estadual com função de representação institucional.”
O texto afirma ainda que a solução viria “idealmente” por São Paulo, mas “se necessário, outro Estado parceiro também pode viabilizar essa estrutura”. Neste caso, diz a mensagem, seria necessário “um pouco mais de trabalho jurídico e político.”
A própria mensagem alerta que a nomeação viria com a necessidade que Eduardo atuasse, de fato, para representar o Estado que o nomeasse “para evitar quaisquer outras especulações ou mesmo novos processos.” E que “qualquer outra atividade dele nos Estados Unidos, nessa condição, precisaria ser mais discreta e de forma a não conflitar com as funções de representação.”
Não consta, nas mensagens, resposta de Eduardo ao tema sugerido pelo pai.