Embaixada dos EUA diz que Mais Médicos foi ‘golpe diplomático’ e que sanções não vão parar
Um dia após os Estados Unidos terem anunciado sanções a brasileiros ligados ao programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde, a embaixada americana em Brasília publicou uma mensagem em uma rede social afirmando que o programa foi um “golpe diplomático” e que o governo de Donald Trump continuará “responsabilizando dos os indivíduos ligados a esse esquema”.
Criado no então governo de Dilma Rousseff e retomado no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Mais Médicos foi elaborado com o objetivo de levar profissionais a municípios do interior e às periferias das grandes cidades, principalmente em locais onde o governo federal constatou presença de médicos abaixo do ideal considerando o número de habitantes.
Uma das possibilidades abertas pelo programa foi a participação de médicos do exterior e, por meio de uma parceria com a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), médicos cubanos passaram a trabalhar no Brasil por meio do Mais Médicos.
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Nesta quarta (13), o governo americano anunciou sanções a dois brasileiros ligados à implementação do programa e, nesta quinta (14), a embaixada informou que “todos” serão responsabilizados.
“O programa Mais Médicos do Brasil foi um golpe diplomático que explorou médicos cubanos, enriqueceu o regime cubano corrupto e foi acobertado por autoridades brasileiras e ex-funcionários da Opas”, afirma o texto publicado pela embaixada, atribuído Agência para as Relações com o Hemisfério Ocidental.
“Não restam dúvidas: os EUA continuarão responsabilizando todos os indivíduos ligados a esse esquema coercitivo de exportação de mão de obra”, completa.
Ministro defende o programa
Após o primeiro anúncio dos EUA, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, saiu em defesa do Mais Médicos, afirmando que o programa sobreviverá a “ataques injustificáveis de quem quer que seja”.
“O programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira”, afirmou Padilha.
O presidente Lula também saiu em defesa do programa. Disse ser “importante” os Estados Unidos saberem que a relação do Brasil com Cuba é uma “relação de respeito de um povo que é vítima de um bloqueio há 70 anos”.
Ao se dirigir a Mozart Sales, atual secretário de Atenção Especializada do Ministério da Saúde que teve o visto dos EUA cancelado por ligação com o Mais Médicos, Lula disse a ele que há muitos lugares para conhecer dentro do Brasil.
“Mozart, não fique preocupado com o visto dos EUA. O mundo é muito grande, o Brasil tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados, você tem lugar para andar no Brasil para caramba, cara, não se importe. Lugar bonito”, afirmou Lula.
Os argumentos dos EUA
No comunicado divulgado nesta quarta-feira, em que anunciou as primeiras sanções a pessoas ligadas ao Mais Médicos, o governo americano chamou de “esquema” o acordo que permitiu a participação de médicos cubanos, acrescentando que a medida “enriqueceu o regime cubano corrupto”.
“Como parte do programa Mais Médicos no Brasil, esses indivíduos utilizaram a Opas como intermediária junto à ditadura cubana para implementar o programa sem cumprir os requisitos constitucionais brasileiros, burlando as sanções dos EUA contra Cuba e, conscientemente, repassando ao regime cubano valores devidos aos trabalhadores médicos cubanos”, afirmou o secretário de Estado americano, Marco Rubio.
“Nossa medida envia uma mensagem inequívoca de que os Estados Unidos promovem a responsabilização daqueles que possibilitam o esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”, completou.