Parlamentares do PT são os que mais receberam emendas na primeira semana após recesso

STF discute regras do pagamento das emendas parlamentares
O Congresso Nacional retomou os trabalhos após o recesso do meio do ano na primeira semana de agosto. O período foi marcado por tumulto e protesto em função da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em meio ao ambiente político conturbado, o governo federal pagou R$ 1 bilhão em emendas parlamentares no período.
Os dados foram compilados pelo g1 junto ao Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (SIOP) do Ministério do Planejamento.
Dentre os partidos que mais foram beneficiados com emendas pagas está o Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujos parlamentares receberam um total de R$ 237,5 milhões.
Em seguida aparece o PSD, partido que ocupa ministérios no governo, mas que não tem demonstrado vontade de compor coligação com Lula em 2026 – foram pagos R$ 137 milhões em emendas de parlamentares do partido.
Gilberto Kassab e Tarcísio Freitas, governador de São Paulo.
WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
Na quinta-feira (7), no Palácio da Alvorada, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, se reuniu com Lula ao lado de integrantes da sigla. Kassab é secretário de Governo e Relações Institucionais do governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo, que faz oposição a Lula e é um possível presidenciável nas próximas eleições.
Logo depois do PSD aparece o MDB, com R$ 130 milhões pagos em emendas parlamentares.
O valor de emendas pagas ao partido de Lula é quase três vezes maior do que o pago em emendas aos parlamentares do Partido Liberal, de Bolsonaro. O PL é o partido com mais representantes no Congresso Nacional, mas faz forte oposição ao governo federal.
Praticamente todas as emendas pagas nesta primeira semana foram individuais, que tem caráter impositivas e precisam ser pagas pelo governo federal, independente de eventuais negociações.
Para onde foi o dinheiro?
Apesar da Câmara dos Deputados ter tido mais emendas pagas do que o Senado Federal, R$ 853 milhões e R$ 233 milhões, respectivamente, o valor médio pago por parlamentar beneficiou mais os senadores do que os deputados.
Ao todo, foram 293 deputados contemplados com emendas pagas durante a semana, e 43 senadores. Com isso, cada deputado teve em média R$ 2,9 milhões pago contra R$ 5,4 milhões para os senadores.
Nenhuma das emendas pagas foi a conhecida “emenda Pix”, que repassa dinheiro direto aos estados e municípios, sem a necessidade de vinculação de projetos específicos.
Na análise individual, a senadora Augusta Brito (PT-CE), foi quem mais teve emendas pagas nesta primeira semana de trabalhos após o recesso, foram R$ 68,5 milhões.
O segundo parlamentar que mais teve emendas pagas foi o deputado federal Tiririca (PL-SP), com R$ 29 milhões, o que representa um terço de tudo pago ao PL no período.
A ex-ministra do Turismo do governo Lula, Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), foi a quinta parlamentar com mais emendas pagas, R$ 20,5 milhões.
Total repassado
Os dados do SIOP, com pagamentos até sexta-feira (8), apontam que já foram pagos R$ 5,1 bilhões em emendas parlamentares individuais e de bancadas. Por outro lado, nenhuma emenda de comissão foi paga.
O valor pago até agora representa apenas 10% de todo o valor indicado em emendas para 2025, R$ 50,4 bilhões. Além disso, apenas 23% desse valor, o equivalente a R$ 11,7 bilhões, já foi empenhado.
Ao todo, R$ 3,9 bilhões em emendas da Câmara dos Deputados foram pagas até o momento. Já no Senado Federal, a quantia foi de R$ 1,2 bilhão. Ainda foram pagos R$ 10 milhões em emendas de bancadas.
Entre os partidos, o PT foi o maior beneficiado até o momento, com R$ 752 milhões em emendas pagas. Em seguida aparece o PSD, com R$ 661 milhões e o MDB com R$ 649 milhões. O PL é apenas o sexto partido que mais teve emendas pagas até o momento.